bala perdida: 1 pequeno à parte

terça-feira, janeiro 31, 2006

1 pequeno à parte

Não é muito habitual escrever-se aqui sobre filmes mas dada a relevância da coisa, não resisti.
Uma porta abriu-se no meu pequeno e frágil coração. Um espasmo de prazer possui-me enquanto o dissecava plano a plano – que genialidade brutal! O filme é estupidamente brilhante! Porque é que não se fazem mais assim? Mas pensando melhor descobri porque é que há poucos destes. E é bom que haja. Poucos. Assim quando os vemos temos espasmos de prazer, como este. Palmas para a Scarlett que pega na sua hiper-sensualidade e consegue conciliar a sua beleza extraordinária com uma performance muito acima da média. E é verdadeiramente arrebatadora a forma como se deixa filmar perante as lentes das intimidativas máquinas de película. É para deixar qualquer ser humano (masculino ou feminino) sem fôlego. Nem palavras.
E depois há Londres. Afinal Nova Iorque não é a única cidade no mundo que tem o direito a ser bela. Tão bela que obvia e tristemente só pode existir num sonho. Num poema. Num filme. E dói quando penso que aquela Londres que eu vi no filme não existe. Dói-me porque quero ir lá e vivê-la, mas não posso. Aquele retrato mágico que Ele fez delas, não passa disso mesmo - um retrato. Elas não são reais. Nem uma nem a outra. Uma frágil e perdida, a outra imponente e orgulhosa, e elas apenas existem ali na sala do cinema, na cabeça de quem as vê. Esta é a verdadeira magia do cinema, e a mim, possui-me por completo.
O grande (não em altura obviamente) e velho Woody Allen! Quando eu pensava que estava tudo dito em relação a Ele, bombardeia-me com este filme. Dá-me um murro no estômago e diz: “Eu ainda estou aqui e vou continuar a fazer filmes: um por ano – quer queiras quer não!” E eu quero! Quero vê-lo a escrever e a fazer filmes. Mas não sinto falta de O ver. Porque em cada personagem sinto um dedo Dele. E em cada paisagem vejo a Sua textura.
Até Ele já se rendeu ao poder das novas tecnologias. Para o olho mais atento, o anel que o Chris manda para o rio (ou tenta), é fruto da mais recente tecnologia virtual (é feito em 3d, para os mais leigos).
No final do filme a única coisa a fazer seria bater palmas, em pé. Mas uma coisa tão simples como bater as palmas para mostrar o nosso contentamento numa sala de cinema pode ser visto de uma forma errada - ainda nos chamam loucos. Por isso restou-me, no fim do filme, ir escrever este texto e esperar que o próximo seja ainda melhor.
Apetece-me dizer uma coisa: Obrigado Woody!

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6 Comments:

Blogger El Mariachi said...

a tua sinceridade desarmante tem nome de filme, português por sinal, acabou de estrear agora - "lavado em lágrimas". ouvi dizer que entra a menina da mão morta (private joke do festival de vila do conde do ano passado).
enfim, quem não acha que a scarlett é a nicole kidman da geração dos 90s que levante o braço (e o deixe cair porque tem lepra).como dizia o jesus e a maria das correntes: walking back to you is the hardest thing that i could do... for you.
tá dito. e quem não acha que o lost in translation é o melhor filme dos últimos 20 anos (ouviste ó fincher) é... enfim, fiquemos por aqui, que não estou para insultar ninguém.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006 às 04:46:00 WET  
Blogger juanito said...

Ok, não chegou ao ponto de me rolarem berlindes pela cara abaixo. Mas não vou negar o impulso que quase me fez levantar, e gritar ao ouvido de cada um dos indivíduos presentes na mágica sala e dizer-lhes: "Aproveitem bem porque este é um dos melhores filmes que vocês vão ver na vida!"
Palmas ao Gajo!

"no way rózé"

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006 às 16:29:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Só agora descobri o bala-perdida e não posso deixar de vos dar os parabéns pelo excelente blog, que de "boring" não tem nada, como o simpático anonymous tanto nos quer convencer... Admiro o vosso trabalho e gostava muito de o poder ver! E acima de tudo, gostava de fazer o mesmo... Continuem com o bom trabalho!!!
Pelo nome não devem lá chegar... faço parte da Direcção-Geral para a qual vocês fizeram a campanha (que estava excelente!), também conhecida como a Provedora.
Abraços!

sábado, 4 de fevereiro de 2006 às 20:16:00 WET  
Blogger juanito said...

É bom saber que a mensagem se tem alastrado pelo gigantesco mundo da internet, e o nosso trabalho tem servido, pelo menos, para aguçar a curiosidade de alguns (esperemos que muitos).
Bem vinda ao Blog cara Provedora!

sábado, 4 de fevereiro de 2006 às 21:03:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Ainda a mãe lhe dizia quando era um Woodyzito: "Ó Woody, olha o clarinete... ó woody, isso dos filmes não é ganha pão pa ninguém!" Vês, mãe do Woody, vês!?

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006 às 12:18:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

Pois é, o melhor mesmo que se pode fazer para agradecer ao Woodyzito, não é levantarmo-nos e aplaudirmos fervorosamente o seu mais recente filme. É tão somente pensar nele, na história, em toda a sua consistência e grandiosidade, uns minutinhos por dia e agradecer-lhe em silêncio e sem partilhas. O tipo que "trinca" secretamente a sua filha adoptiva e mais tarde assume o seu grande amor pela mesma, não pode de todo criar argumentos banais, desprovidos de um "ir mais além no pensamento". Não pode e realmente não o faz. E é bom que crie um grande filme de vez em quando para nos deixar sempre com muita água na boca. Apesar de não me interessar minimamente como ser humano (as relações incestuosas nunca me atraíram particularmente), reconheço que é mesmo muito bom este Woody. Para quem ainda não viu, vejam o "Melinda e Melinda".

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006 às 15:13:00 WET  

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