bala perdida: Tipo, séries de televisão: Parte 1

terça-feira, julho 08, 2008

Tipo, séries de televisão: Parte 1



Desde o estabelecimento das primeiras emissões regulares, em princípios do Século XX, a televisão tem roubado uma boa parte de público ao cinema, assumindo-se progressivamente como o mais popular meio de entretenimento, estatuto consolidado desde há algumas dezenas de anos. Nos últimos tempos, porém, é a internet que, cada vez mais, tem capturado as atenções de uma significativa parte da população, a faixa etária 6-30, preconizando-se assim um futuro cada vez mais dependente deste meio de comunicação revolucionário, ou assim o parecia em Outubro de 1969 quando foi "inventado", essencialmente, para trocar imagens pornográficas em sistema binário.


Não é a Scarlett.

A disseminação da banda larga um pouco por todo o mundo (obviamente, graças à visão de futuro do Engenheiro Sócrates) vem facilitando a partilha de conteúdos cada vez mais "pesados", nomeadamente o vídeo. A internet retira agora audiências à televisão tomando-lhe os próprios programas, disponíveis em streaming no YouTube e quejandos, ou para descarga directa em sítios que não vale a pena mencionar aqui (e claro que nós por cá somos todos contra isso). Ao mesmo tempo, a televisão contra-ataca, disponibilizando canais estilizados com programação cada vez mais específica (primeiro o porno, depois as notícias, o desporto, os desenhos animados e, finalmente, a Baby TV).

É nesta lógica de procura de públicos que surge o fenómeno da multiplicação exponencial das séries de televisão. Longe vão os tempos em que macaquices como B.A. Baracus e Cª, MacGyver (Máguívér, na versão da TVE) ou os safados dos 3 Duques preenchiam as tardes da pequenada, entre brincadeiras com Playmobil e Legos. Para não falar do K.I.T.T., do Bonanza e da minha preferida, por variadíssimas razões, Duarte e Companhia. As séries de sucesso são, hoje mais que tudo, produções de prestígio transmitidas em horário nobre (menos na TVI), com a participação de actores, argumentistas e realizadores de créditos firmados no cinema.

O que permitiu esta transfusão de talento entre meios foi, essencialmente, a mudança do paradigma "cinema= arte maior/televisão= arte menor" para "cinema= pipoca/televisão= algumas coisas bem porreiras". Actores com longas e frutuosas carreiras nos filmes podem ser vistos agora a encabeçar o elenco de uma série feita à sua medida (assim como aquele arquitecto que sonha transformar o mundo, mas ao mesmo tempo aceita um emprego fixo no Gabinete Técnico da Câmara de Sobral de Monte Agraço para pagar as assinaturas da Croquis e do Courier International).



O momento que marca esta transição é, em 1999, o início das transmissões d' Os Sopranos no canal norte-americano por cabo HBO. A série criada por David Chase demonstrou inequivocamente e pela primeira vez que é possível criar para o meio televisivo narrativas densas e sofisticadas (na mesma caixinha que alberga as diatribes de Fernando Mendes e João Baião mais 5 novelas da TVI rodadas em ex-colónias portuguesas). Aliás, tal como no bom cinema, mas aqui com a vantagem acrescida de se poder, por entre a sucessão da episódios, mergulhar mais fundo na complexidade das personagens, contruindo bonecos mais reais. O sucesso comercial d' Os Sopranos juntou-se aos louvores da crítica, permitindo o surgimento de novos projectos arrojados no domínio da ficção televisiva, principalmente no HBO (Sete Palmos de Terra e, vá lá, O Sexo e a Cidade), mas também em outras cadeias, como a Fox, ou canais (Showtime, FX, AMC, etc). E, claro, graças à internet podem-se acompanhar muitas dessas séries que ainda não asseguraram transmissão num dos canais (da cada vez mais vasta oferta) do cabo nacional.

Proponho por isso, seguindo a lógica de serviço público que orienta os escribas da BP, divagar um pouco por este assunto "séries de televisão", ao longo das próximas semanas. O objectivo é traçar um mapa da boa ficção televisiva que se vai fazendo pelas américas, perceber aonde é que ela pede meças ao cinema (e como às vezes é preferível ficar deitado no sofá a meter pelos olhos adentro os DVD do Seinfeld do que ver ir a correr para o shopping e engolir um hambúrguer em 15.22 segundos para assistir a mais um filme com o Will Smith).


"Mais DVD do que na versão especial do Titanic!"

Todas as semanas (se tudo correr bem) será publicada uma crónica versando sobre duas séries que gravitam em torno de um tema comum: polícias, médicos, cóbóis, época, religião e, talvez, com um bocado de sorte, sexo. Enfim, um desfecho à altura dos pergaminhos deste pasquim electrónico. Até pra semana e entretanto aproveitem para curtir as malhas do jWoofer que, segundo informação privilegiada, anda à procura do Estúdio 54 lá prós lados de S.João da Madeira.

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3 Comments:

Blogger juanito said...

Esse fenómeno popular incontornável, a televisão, é realmente de um misticismo surpreendente. Projectar no mesmo vidro, e em simultâneo, momentos tão díspares como a cremalheira do Goucha, o nascimento de um bebé, ou um gajo a mandar-se da Torre Norte, é assustadoramente maravilhoso.

A ideia das séries é fixe. Aproveito e escrevo finalmente um post em estilo de homenagem a uma das melhores séries de todos os tempos (e este comentário não é sarcástico), That 70's Show, que deu a conhecer ao mundo esse actor fora de série: Topher Grace.

Gostei especialmente da foto porno-binária. Quem sabe o Berardo não te dava uns trocos por isso, ó Mari?

quarta-feira, 9 de julho de 2008 às 01:16:00 WEST  
Blogger a.k.a. J-woofer said...

Malta, S. João é do melhor afinal. São 3h da manha, e descobri que se segurar o meu portatil com uma mão a 1 metro do chão e escrever com a outra sem respirar, apanho um servidor de net promovido pelo município durante uns míseros segundos. Amanha é dia de especular melhor esta coisa e andar pelos cantos da casa à procura de sinal com o pc bem em cima da cabeça.

Quanto às sÉries, venham elas!
quanto ao NIGHTCLUB, o problema esta parcialmente resolvido. melhores dias virão.

quarta-feira, 9 de julho de 2008 às 03:15:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

J, ou o problema é com o teu pc ou eu estive a alucinar durante um quarto de hora e imaginei ouvir a crónica... Ou então o Sócrates nåo te quer a desbundar na net com as tuas malhas radiofónicas, o que é bem possível porque ele nåo parece ser muito dado a essas coisas tipo música de dança vintage, ele é mais bolos...

quarta-feira, 9 de julho de 2008 às 09:01:00 WEST  

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