bala perdida: TREZENTOS

terça-feira, abril 24, 2007

TREZENTOS



Como já há bastante tempo que não se escreve neste sítio cibernético sobre cinema, o 300 é um bom exercício para se voltar a reflectir sobre o que é, ou não, um bom filme. Primeiro é bom referir, aos mais desatentos, que é uma adaptação de um álbum de banda desenhada – ou de uma graphic novel, ou o lá o queiram chamar aquilo, o facto é que tem quadrados e desenhos de grande qualidade impressos nas páginas, por isso, um catálogo do jumbo é que não é – desenhada pelo Frank Miller, já conhecido a nível planetário, por ter permitido ao Robert Rodriguez, depois de muito esforço, adaptar a sua saga semi-apocalíptica urbana, Sin City, também para cinema. O 300 teve a capacidade de dividir o grande público em duas facções bem distintas. A primeira conjuga os fãs que já conheciam a obra do Mestre Miller que ficaram seguramente deliciados com a adaptação, com os que foram apenas por curiosidade, e ficaram deslumbrados com o poder visual do filme. A facção descontente sente-se ultrajada por considerar que a narrativa do filme não é suficientemente profunda.

Considerando que um filme é a conjugação de vários factores e disciplinas, o importante é que o produto final que transparece na tela, seja um desencadeador de emoções, ou que faça pensar, que obrigue a reflectir ou que seja apenas um filme. E este tipo de raciocínio iria inevitavelmente conduzir-nos a um conversa acerca do propósito da arte, ou o que é a arte. Não querendo entrar por aí, o que é certo é que, se há alguma coisa que a arte pós moderna trouxe, foi precisamente isto, para o bem ou para o mal, não é preciso ser artista para produzir arte, nem sequer é necessário, ter uma mensagem para transmitir. Qualquer coisa pode ser arte, nem que seja, por exemplo, extraída do intestino do Andy Warhol. O que até tem o seu lado positivo, já que legitimiza toda a merda que se anda a fazer por aí, e se chama arquitectura. Voltando ao 300, o filme que não quer apenas ser (mais) um, é impossível não ficar deslumbrado com a qualidade visual do produto. E mais importante do que isso, cumpre com uma precisão notável aquilo a que se propõe – ser uma adaptação de uma obra do Miller para o cinema. O Zack Snyder revela um brilhantismo impressionante porque, se é verdade que o argumento não é tão extenso como propriamente a História Interminável, porque dura apenas 2 horas, então diria que o gajo é bastante dotado já que conseguiu fazer um bom filme, cuja história se resume apenas numa frase.

O filme, como já disse, é uma boa adaptação para o cinema da obra do Miller, porque transporta o ambiente no qual a original é narrada. As cenas de acção do filme são fabulosas, assim como todos os cenários, que foram integralmente criados em ambientes tridimensionais (todas as cenas foram filmadas em green screen). Para quem é fã de b.d. ou gosta de filmes de acção, o 300 é um objecto delicioso. Para quem acha que o cinema é apenas Wim Wenders e Teresa Villaverde, mais vale não irem ver o filme – juntam-se à lareira e fumam cachimbo a ver o Vale Abraão.

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3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

caros amiguinhos do noddy:

antes de vocês (e já agora, das vossas mães e dos vossos pais, talvez mesmo os vossos avós) terem nascido já eu mostrava ao mundo o meu talento para transformar belas imagens do nosso portugal em celulóide!

mais respeitinho, ó jovenzinhos!um pouco mais de renoir, godard ou resnais nessa cabeça e ainda aprendereis alguma coisa sobre a bela arte das imagens em movimento (um movimento algo lento, sim, mas aos 150 anos de idade não dá para andar a fazer correrias com a câmara às costas, não é verdade?).

quanto ao filme da minha querida amiga teresa villaverde, houve quem fosse espreitá-lo a um festival menor em coimbra, nada que se compare a um festival de cannes ou a um festival da lampreia em penacova, portanto. de qualquer maneira, não se chegou a conclusão nehuma, pois, à boa maneira TAGVeriana, o filme foi interrompido quando ia apenas na terceira das suas cinco horas de duração devido a uma quebra de corrente na sala (paguem a luz, meus senhores!).

ficainde bem, pois então. vou-me deitar a descansar um pouco, pois amanhã começam as rodagens de 3 filmes que estou a fazer wm simultâneo: um sobre nossa senhora, outro sobre a batalha de alcácer-quibir e outro sobre coisas.

terça-feira, 24 de abril de 2007 às 18:23:00 WEST  
Blogger juanito said...

Malta fixe:

Hoje vai para o ar o primeiro episódio da série do The Trailer Show (o tal que vai ser mais famoso que o Michael Night e o kit) exibido pela tvAAC no circuito interno de televisão da u.c., portanto, preparem-se porque para a semana há mais - a ver se da próxima já há os aguardados passatempos com bilhetes de cinema e dvd's.

Os Caminhos do Cinema Português continuam a decorrer em Coimbra sem incidentes (nem público) no tagv, parece que a malta que vai ver os filmes anda a fazer má publicidade do evento junto das respectivas famílias, o que, claro, mais cedo ou mais tarde vai dar direito a reportagem na tvi, e como isso influenciou a vida de uma família que "apenas queria ir ao cinema" mas acabou por ter "uma noite mal-fadada" porque o homem ficou tão revoltado com o filme da Teresa Villaverde que saiu a meio, pegou no carro, foi a guiar até à central de distribuição de energia mais próxima e partiu os difusores ao pontapé - que nem Marco a desfazer a boca a Sónia. Depois foi "o Deus dará" no tagv e até mandaram a malta sair da sala com medo que o gajo voltasse e distribuísse pontapés aleatoriamente pela plateia. "Vai explodir", ouvia-se na sala enquanto a malta corria em direcção à saída. Cá fora estava o gajo a espumar-se pela boca à espera que alguém lhe dissesse quem é, afinal, Teresa Villaverde. "Quem é?" perguntava ele às pessoas que, horrorizadas, passavam por ele e o ignoravam. Não obteve resposta. Ela não estava lá, estava em Cannes a beber champagne e a ver o Vale Abraão, com o próprio Manoel. O de Oliveira.

A esta altura o homem já vai na barragem do Alqueva, enlouquecido com a dúvida, arranca sobreiros e oliveiras à sua passagem, enquanto descasca, com as unhas e com os dentes, castanhas assadas que comprou quando passou no terreiro do paço, tudo para não fraquejar na hora H - o dia em que estiver frente a frente com Teresa.

p.s.- hoje acordei às 9:30 (da manhã).

quinta-feira, 26 de abril de 2007 às 18:41:00 WEST  
Blogger Kowbunga said...

É isso aí Juanito! Acordar de manhã é tal qual ingerir doses massivas de ácidos assim com o estomago bem vaziinho!
Quanto aos Caminhos do Cinema Português tenho ouvido dizer que este ano tá realmente a correr bem e que a selecção é muito boa... Não é verdade, não tenho ouvido dizer nada sobre isso... Eu nem sequer gosto de cinema português excepto o Tentação no qual o Harrison Ford português faz de padre que em vez da óstia da praxe consome cavalo! Grande filme o Tentação com as maravilhosas baladas dos Xutos a acompanhar os xutos do cavalo!!!
Própezelios para o peoplezios

sexta-feira, 27 de abril de 2007 às 15:42:00 WEST  

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