Óscares 2007
Ainda que doente arranjei forças suficientes para resistir ao cansaço que é ficar até às 5 da manhã a olhar para uma televisão, na esperança de ver o que, realmente, superou tudo o que era esperado.
A noite começou com as derrapagens do costume com o Mário Augusto na Sic Notícias a dizer as balelas do costume o que é sempre bom para aguçar o apetite. A malta de o púbico e da revista-sobre-tudo-menos-cinema e todos os pseudos-críticos aclamavam a uma só voz a vitória de Babel como melhor filme. Aqui o Juanito avisou, inclusive enviei mails à redacção deles e avisei-os que Babel não ia ser o premiado como o melhor filme de 2006. Ninguém ligou.
Adiante, a noite começou tímida enquanto a Ellen Degeneres ia mandando as graçolas próprias de um bom anfitrião – que foi. Os primeiros prémios decorreram sem grande atribulação, alguma surpresa para o Pan´s Labirinth que arrecadou logo os 3 primeiros, mas tudo muito sereno até a primeira fífia da noite chegar com a entrega do Óscar de melhor animação. Foi anunciado o Happy Feet quando toda a gente sabe que o Óscar de melhor animação era do Cars da Pixar. Sem comentários. O período negro da noite, continuou quando entrou o Ben Afleck no palco para umas das homenagens da noite. Nessa altura, admito, estive quase a desistir e fui fazer umas torradas. Depois de barrá-las bem com manteiga, olhei para o azulejo partido da minha cozinha e pensei, isto não pode piorar mais porque já se enganaram num Óscar e o Ben Afleck entrou no palco, levantei a cabeça e mentalizei-me que as coisas podiam mudar e, para celebrar esse novo fôlego que me assolou bebi um copo de leite cheiinho até cima, de penalty, assim como quem bebe tequilla. Mandei-me para a sala e recostei-me no sofá. Entretanto o Alan Arkin ganhou o Óscar de melhor actor secundário, a melhor canção foi para uma do filme do Al Gore e as coisas começaram a fazer sentido. O primeiro pico da noite foi quando o Gustavo Santaolalla ganhou o segundo Óscar consecutivo de melhor banda sonora, depois de o ter arrecadado o ano passado com o Brokeback Mountain – ambas verdadeiramente fabulosas. Este que viria a ser o único Óscar da noite para Babel. Nesta altura já a tipa dos ídolos americanos tinha também arrecadado o Óscar de melhor actriz secundária – o que devo dizer desde já que me parece injusto, porque para premiar cantores existem outros prémios, nomeadamente os Grammys e os Globos de Ouro portugueses. Daí em frente foi sempre a subir, com o melhor argumento adaptado a recair em The Departed, e o original a saltar para as mãos do tipo que escreveu o Little Miss Sunshine.
Depois a Ellen Degeneres criou dois dos melhores momentos de televisão alguma vez transmitidos na história da TVI (o terceiro ainda estaria para vir) superando mesmo o pontapé de Marco na boca da Sónia, quando foi entregar um “argumento” ao Scorsese e pedindo depois ao Spilberg para tirar uma foto a ela própria junto do Clint Eastwood (Madeira-de-Leste) que ontem apenas se levantou para ir urinar e para entregar o Óscar (honorário) ao Morricone – visivelmente emocionado com a oferenda da academia. Absolutamente fabuloso. O melhor actor era um 50-50 entre o Forest Whitaker e o resto da malta, se bem que eu acho que o Leo já merecia um prémiozito pelo seu trabalho assim como o Peter O’Toole que ainda se dignou a ir ao teatro kodak para ver mais uma estatueta passar-lhe ao lado. A melhor actriz estava mais que confirmada, e a Hellen Mirren acrescenta assim o Óscar a um lote de prémios que já vai extenso. Depois o grande momento da noite, e que marca a história da noite oscariana quando o Spielberg o Coppola e o Lucas sobem ao palco, juntos, para entregaram, obviamente, o Óscar ao Scorsese. Não podia ser de outra forma nem podia ser entregue, por estes três, a outra personalidade que não aquela. Quando os três treparam ao palco foi um prenúncio explícito que daí a um minuto, que foi o tempo que demoraram a trocar a graçola do Óscar – porque o Lucas foi o único deles os três que não foi ainda galardoado com um Óscar – iriam anunciar o inevitável. Finalmente ouviu-se o que há muitos anos se devia ter ouvido e, o Scorsese teve a sua recompensa.
Para o último prémio aparece-nos a (outrora) bela Diane Keaton e o bicho humanóide que é Jack Nicholson, dispostos a anunciarem tudo menos “Babel”. E foi o que aconteceu, o Clint Madeiras já estava a levantar a mão a modos que a esboçar um agradecimento e um sorriso, o Spilberg também já se dirigia ao palco quando o Jack Nickolson, surpresa das surpresas, anuncia “The Departed” em vez de “Letters From Iwo Jimma”.
E acabou. Pena que passou tão rápido – para o ano há mais. Indeed.
Etiquetas: noticias
3 Comments:
Pois, o Óscar andou a servir tequillas ontem a noite... ao Inárritu para afogar as mágoas, e aos 'espanhois', com quem os comentadores da tvi gozaram em voz off, para festejarem o novo biblot destinado ao parapeito da lareira... ah e aos mexicanos, claro! os outros ficaram se pelo champagne que e mais internacional....foi um bom serão se bem que a ellen degeners não supera o john stuart...
não percebo como nunca nenhum dos meus star wars foi nomeado para o óscar de melhor animação.
ganhava de caras!
vou soltar o chewbacca nas canelas dos membros da academia!
e se calhar também vou dar um jeito ao cabelo, porque este corte já não se usa.
mark hammil 4ever!
Eu pessoalmente tenho uma esperança tímida que para o próximo ano alguém se lembre que há um senhor que está na vanguarda da nova comédia, e que, mais cedo ou mais tarde vai ser um fenómeno à escala mundial - não é o Ricardo Araújo Pereira, mas podia ser, nem o Nuno Markl (há quem o ache parecido aqui com o Mariachi). Dá pelo nome de Conans (segundo o Borat).
E já agora boas notícias para os bala-lovers, eu e o rozézito estamos a pensar em fazer uns podcasts, tipo uma experiência surreal radiofónica, que poderá eventualmente ser decarregada pelo itunes.
Cheira-me a coisa fixe.
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