bala perdida: Spider Man 3

terça-feira, maio 15, 2007

Spider Man 3

Spider Man revela-se triste e sussurra para o fecho eclair do fato
"para isto, mais valia terem-me pintado de cor-de-rosa."
Já se sabe que quando as produtoras decidem produzir filmes apenas para fazer dinheiro, alguma coisa corre mal. Muitas vezes corre tão mal que as produtoras fecham e acabam por chamar o Paulo Branco para mandar areia para os olhos da malta do ICAM e a coisa resolve-se sem grandes incidentes. Desta vez, como a produtora é americana, não me parece que alguém venha cá ao paízola chamar o tipo.
A Marvel – essa bênção divina que apareceu para criar banda desenhada – decidiu que tinha que enveredar pelo caminho do cinema. Esta decisão foi tão acertada quanto o pontapé do Marco na boca da Sónia: tem tanto de intencional como de estupidez. Como o objectivo é fazer dinheiro, a Marvel pega no seu melhor super-herói e ridiculariza-o ao ponto de parecer saído de uma série da TVI. Se há quem defenda que é impossível criar bons filmes quando o objectivo é produzir um blockbuster, então o Spider-Man 3 é o exemplo máximo.

Para quem não viu o filme, é fácil imaginar, tão fácil que nem vale a pena ir ver. A sério. Imaginem um personagem parecido com o Billy Joe (o vocalista dos Green Day) misturado com o Topo Gigio (o rato) e vestido de Homem Aranha a saltar de prédio em prédio em plena Manhattan. Ao intervalo pensei que isto era só uma paródia que antecedesse o filme e que na segunda parte iria começar o filme a sério, e até comentei com o Rozé “olha, a que horas começa o filme?” – ele riu-se, deu-me uma pancadinha nas costas e disse, “vai lá mas é buscar o teu sumo de maracujá”. Encarei esta resposta como “também não estou a gostar, mas pronto, já que pagámos o bilhete, vamos ficar até ao fim”. E ficámos. Fui buscar o sumo e depois fui à casa de banho. Quando voltei para a sala, achei que algo iria mudar o rumo do filme. Acreditei profundamente que o Spider Man não se iria deixar vencer por aquele verdadeiro vilão que é o Tobey Maguire (Peter Parker). Mas deixou. O filme é tão mau que sinceramente fico triste (ainda mais sinceramente, não fico, mas pronto, foi só para ser mais profundo) quando penso no dinheiro e no empenho de tantos bons profissionais num produto tão mau. O Sam Raimi que tinha feito 2 Spider Man’s muito bons, tirando os planos nos quais aparecem bandeiras americanas que até provocam arrepios, a Kirsten Dunst, que neste filme parecia um robô comandado por um gajo que comanda robôs, assim como o Topher Grace, essa jovem esperança do cinema adolescente americano, estavam todos ali, a fazer uma espécie de Rua Sésamo em Nova Iorque (o Spider Man era o Ferrão).

Agora num tom mais sério, o filme é muito bom. E quando digo “bom” estou a ser sarcástico no ponto máximo permitido pela gramática, porque o que eu queria dizer era exactamente “mau”. O filme é sem dúvida para um público muito específico, que partilhe o prazer de ver séries juvenis ou que tenham disfunções ao nível hormonal (que no fim de contas representa 90% da população jovem americana). Ou os dois. Resumindo, não vejam, aluguem antes a saga das Anacondas que é o que eu vou fazer e, pelo mesmo dinheiro, passam um bom par de serões, muito animados, com cobras mutantes no meio dos pântanos da Amazónia a engolir tudo o que lhes aparece à frente – incluindo homens mulheres e palmeiras.

p.s. – para uma critica mais alargada façam um abaixo-assinado dirigido ao Rozé e entreguem-no na sede da Bala – pode ser que ele se sensibilize e escreva alguma coisa.

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6 Comments:

Blogger juanito said...

Parece que afinal o gajo que controla os bloggers, permitiu que se fizesse comentários novamente no blog da bala. Qualquer dia chateio-me e vou lá à América (onde se inventaram os blogs, e os hamburgueres) e deixo uma prendinha à porta da secretária do gajo. A sério. Castanha.

terça-feira, 15 de maio de 2007 às 17:26:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Oh, a ver se não tou giro hoje? Hã?

terça-feira, 15 de maio de 2007 às 18:50:00 WEST  
Blogger juanito said...

O prometido é devido, já vi dois dos grandes filmes de cobras mutantes que andam por aí espalhados pelos piores clubes de vídeo portugueses.
O primeiro chama-se BOA, e é o antecessor do conhecido Boa vs. Piton. Tive o grande prazer de ver igualmente a sequela do Anacondas, o Anacondas 2, The Hunt for the Blood Orchid. É verdade, tenho a dizer que há uma diferença significativa de qualidade entre os dois.
Quando acabar a peregrinação ao altar dos filmes de cobras mutantes, fica prometido desde já, fazer aqui um mega post sobre cobras gigantes e os respectivos filmes. Não esquecer o fenómeno igualmente avassalador em termos mediáticos do Snakes on a Plane (em português teve a infelicidade de ser chamado de Serpentes a Bordo, em vez de Cobras no Avião).

Bons filmes, de preferencia com cobras gigantes. Há delas que engolem carros e usam os tubos de escape como palitos. A sério.

quarta-feira, 16 de maio de 2007 às 16:37:00 WEST  
Blogger El Mariachi said...

seguindo o teu raciocínio,suponho que a kirsten dunst corresponda, portantos, à alexandra lencastre.
podia ser pior...

quinta-feira, 17 de maio de 2007 às 15:14:00 WEST  
Blogger El Mariachi said...

e já agora, com o stallone a atirar-se aos remakes dos crazy oitentas, que tal um Cobra vs. (a cobra) Boa, um homem vs. um réptil, um actor decrépito vs. uma animação computadorizada?

o termo "camp" diz-vos alguma coisa?

quinta-feira, 17 de maio de 2007 às 15:16:00 WEST  
Blogger juanito said...

Tenho a dizer que já tive, efectivamente, o prazer de visualizar uma obra fílmica notável, que aventureiramente se afasta de qualquer padrão de qualidade conhecido até hoje. O fenómeno dá pelo nome de "Boa" e é um objecto único na história do cinema recente. O filme é protagonizado por uma cobra do tamanho de um boeing 747 e pelo Dean Cain (que fazia de cuecavermelha - superhomem - na série de tv as novas aventuras do gajo que voa e é um superlativo de humano). Argumento não vi nenhum ali, e tão pouco vi representação. O filme, que é fantástico em vários momentos (nos genéricos, claro, no início porque temos a ilusão que pode ser um filme decente e no fim porque ou estamos a debitar jorros de água dos olhos ou soltamos gargalhadas que revelam insanidade) mostra uma cobra gigante que nasceu de um programa de 3d muito rudimentar - e põe-se aqui a possibilidade de ter sido uma versão ligeiramente melhorada do power point que fez a cobra - a abrir e a fechar a boca com um movimento ligeiramente estranho.

Aconselho, portanto, vivamente. Acho que este filme em particular ultrapassa qualquer conceito de camp ou sequer de "filme" na forma como o conhecemos - é um autentico fenomeno.

Em relação à "Rua Sésamo em Manhattan" (Spider Man 3) sim, de facto o raciocínio faz com que a Kirsten Dunst seja a Alexandra Lencastre. E também havia o Poupas, interpretado pelo volume paralelipipedico gigante de uptown (o Empire State).

sexta-feira, 18 de maio de 2007 às 13:01:00 WEST  

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