bala perdida: O regresso do blockbuster de Verão x3

terça-feira, julho 10, 2007

O regresso do blockbuster de Verão x3



Sabe-se lá porquê, mas concerteza por motivos diametralmente opostos aos que me levaram a ver dois filmes do Manoel de Oliveira (inteiros!) no espaço de uma semana, tive a oportunidade de botar olho em cima de três das maiores apostas dos estúdios americanos para fazer render o cacau que andaram a desperdiçar, desde o final do verão passado, em festas em penthouses regadas a coke & biatches.

Uns míseros 2 euros (que à saída afinal revelaram ser uma pequena fortuna perdida para sempre) foi quanto custou a admissão na sala de tortura onde passavam O Quarteto Pouco Fantástico Aliás Bastante Normalzinho e O Surfista Marado em Tons de Prata. O grau zero do cinema de entretenimento: sem argumento, sem extraordinárias sequências de accção, nem sequer efeitos especiais de jeito e, ainda, sem ponta de humor, apesar das 319 tentativas em produzir momentos de comic relief. Por vezes parecia mesmo que o filme inteiro era um comic relief, mas de quê? Talvez do ridículo cameo do Stan Lee, logo no início (tipo, assassinam-lhe as personagens e a BD inteira e ele, de bom grado, participa no funeral).

Quem não terá achado muita piada à coisa (ou ao Coisa? hahahahahaha!) foram alguns actores secundários do filme, que vinham construindo uma reputação inexpugável em séries de televisão com muita pinta. O gajo do The Shield (O Protector, passa no AXN e na TVI, quando se lembram), uma série policial plena de sujidade (visual e narrativa) é o Coisa. O Dr. Christian Troy (quando me mudar prás américas quero ter um nome destes!) de uma das melhores série do momento, agora que Os Sopranos acabaram, Nip/Tuck (na FOX Life e na TVI, lá pelas 4 da matina) é um mauzão qualquer. Depois há também o Andre Braugher, o Detective Pembleton da fenomenal série de polícias de Baltimore (essa cidade que pede meças às metrópoles brasileiras com cerca de 400 homicidios por ano e que é soberbamente retratada na série do momento, The Wire - A Escuta, DVDs das 3 primeiras séries à venda nas locadoras nacionais, compre já) que dava pelos nineties na RTP2 , Homicide: Life on the Street, e que é uma espécie de General com passado de jock e por isso não se pode dar bem lá com o doutor não-sei-quantos (portanto, um geek ou nerd) que preside ao Quarteto. A lógica “passar das séries à TV é subir no prestígio” inverteu-se nos últimos anos. Para dar um exemplo, ainda estamos para ver um filme de jeito com o James Gandolfini, que substituiu o DeNiro como ícone do crime organizado.

Ao menos o Jóne, que me arrastou para esta pastelada cinematográfica, ficou igualmente deprimido e terá rumado directamente a casa para enfiar pelos olhos adentro 3 sequelas do Anacondas ou do Alien vs. Predator.

Uns dias depois, tempo de rever o camarada McClane, que anda a esfregar o joelhinho nu em vidro partido desde o tempo em que as galinhas tinham dentes e o avô roubava pudim Boca Doce ao neto. Ele é duro. Ele não gosta de mariquices como computadores ou internet. Ele anda sempre com 32 cartuchos de pistola no bolso do casaco, just in case. Ele é careca. Ele diz Yuppi-kay-e-Madafaca! antes de arrumar o cabecilha do gang. Ele atira carros pelo ar contra helicópetros. Ele manda selos em gajas armadas ao kungue fu. Ele é o verdadeiro Terminator, não aquele gajo que anda a governar a Califórnia sem saber mais que duas palavras em inglês. Se não acreditam, ele é gajo para dar cabo de um avião sozinho só para vocês perceberem que ele já anda aí há muitas sequelas a dar cabo do canastro a tudo o que se mexa (pessoas, veículos) e que não se mexa (paredes, muitas). Como é possível não gostar de Live Free or Die Very, Very Hard? ou, para a geração youtube, Die Hard 4.0 (gosto mais do primeiro nome).

Arranjaram-lhe um compincha. É um puto chato, que passa o filme inteiro a debitar um discurso comuno-cibernético-conspiracional muito em voga por estes dias, assim uma mistura entre Bloco de Esquerda e Linux. O McClane tem que o proteger de uma corja multinacional que mete franceses praticantes de parkour e italianos estereotipados a quem só falta dizer Mamma mia! Che Pizza! enquanto vão metralhando por aí. O chefe da pandilha é o Timothy Olyphant, mais um tipo que vem das séries (Deadwood, uma coboiada de categoria que passa no FOX) e que não chega aos calcanhares da malvadez do Hans Gruber, do tomo inicial, ou do Jeremy Irons, do Die Hard 3. Isto acontece mais por culpa de um argumento fraquito, cuja finalidade exclusiva é deixar fluir as sequências de accção, com um ou dois bitaites do Bruce pelo meio. E essas são boas, apesar de às vezes o McClane parecer mais o Rambo do que um polícia de Nova Iorque, tal a quantidade de malta que avia sem parar para tratar de uma ou duas balas que entretanto se lhe alojaram no coração, coisa pouca.

Um filme que mete o pessoal a dar murros de contentamento no ar e a repetir expressões-cliché logo nos primeiros 10 minutos não pode ser mau. Já não me lembrava de fazer dessas tolices. Foi hora e meia bem passada, entre explosões, nostalgia e o McClane a cair de prédios abaixo. Infelizmente a Holly, a ex-mulher do McClane, não compareceu à festa, mas a filha dele já é crescidita e não fica mal em película. Vamos esperar então pelo quinto capítulo deste serial, de preferência com mais porrada ainda.

Para finalizar este devaneio hollywoodesco, nada como ver um filme do Michael Bay. Sim, esse mesmo, o senhor que gastou mega ziliões de milhões de dólares para fazer o Pearl Harbour, um filme que já foi oficialmente considerado pelo governo americano como uma catástrofe com consequências mais devastadoras que o próprio bombardeamento de Pearl Harbour pelos japoneses. Como medida preventiva, Michael Bay foi encarcerado pelo governo do Tio Sam, um dos irmãos do George W., na prisão de Guantanamo, onde dia sim, dia não era torturado com o recurso à action figure da personagem do Ben Affleck no Armageddon (não se sabe exactamente de que modo a figura terá sido utilizada nessas sessões de tortura, mas advinha-se). Todos os dias pedia para telefonar ao Jerry Bruckheimer, mas ele andava ocupado com o início da produção do novo franchise do CSI, CSI: Massachussets e nunca estava em casa.

Um dia o Spielberg estava a rever o E.T. e, como toda a gente, chorava na parte final, em que o puto se despede do alienígena. Lembrou-se do Michael Bay, lá nos confins de Cuba, o boneco do Ben Affleck como única companhia, e teve pena dele. Telefonou para o George W. a dizer que lhe enviava uma cópia do E.T. autografada pelo próprio extra-terrestre se ele libertasse o Michael Bay. Assim se fez. Quando o Michael Bay voltou a pousar pés nas américas, o Spielberg estava à espera dele no aeroporto com um contrato para realizar o Transformers. O Spielberg é um fixe.

Michel Bayé, j'ai besoin de toi.

O resultado desse encontro infernal entre, respectivamente, um dos gajos mais respeitados do cinema e o gajo menos respeitado do cinema tem uma duração superior a duas horas. Nós, inocentes, de início pensamos em 120 minutos de porrada entre robôs com um ou dois corpos dilacerados de humanos a pontuar a acção de vez em quando para a coisa ter o seu quê de orgânico. Mas não. Afinal, o Michael Bay quis fazer uma espécie de National Lampoon’s Transformers, ou American Pie meets Tron ou coisa que o valha. De todos os cantos surgem disparadas piadas, ao ritmo de duas ou três por segundo, numa lógica de “se falhas uma, mandas mais dez até que uma delas tenha piada”. O pior é que nenhuma delas chega a ter, nem aquela em que o Michael entra em modo auto-irónico, pondo as personagens a gozar com o Armageddon. Depois, há que fazer render a publicidade na colocação de produtos: há um transformer que passa a vida no yahoo (não, não é a pesquisar porno); o ebay surge mencionado umas 50 vezes; os Autobots são todos da General Motors; a dada altura, o personagem principal veste uma t-shirt dos Strokes (tá a vender CDs!); cúmulo dos cúmulos, há uma sequência escrita de propósito só para mostrar um novo telemóvel da Nokia e os personagens repetem o nome da marca umas dez vezes (é um nokia! ah, é um nokia! pois, é um nokia! etc…).

O Michael Bay não perde também a oportunidade para encher o filme com as suas sequências de marca: 12 planos de pessoal a subir para aviões com banda sonora de orquestra triunfante a acompanhar. E, claro, todas as gajas têm que ter estofo para aparecer na capa da Maxim, se fôr preciso, não só a babe do protagonista, mas também a líder dos geeks, que basicamente passa o filme a correr de um lado para o outro montada em saltos altos. Mortos no ecrâ, nem pensar, nem ponta de sangue, inclusive depois dos transformers destruírem a baixa de L.A. inteirinha.

Mas se há coisa que não se consegue estragar são os Transformers. Vá lá, são robôs que se transformam em carros, aviões, tanques, camiões ou até rádios! Criados nos anos 80! Davam na televisão quando a malta era mais cachopa! Há coisa mais porreira que isso? Bem, talvez isto que o compincha jwoofer descobriu no outro dia. No filme, quando a robô-batalha começa, um gajo esquece-se de tudo, até do Michael Bay, e é desfrutar do som da chapa a bater e das sequências em câmara lenta (há uma em que até o Spielberg deve ter chorado) com transformers a saltar por cima dos mísseis. Pelo meio há uma coisa chamada argumento, mas é tão mau que o pessoal limita-se a contar os segundos até à próxima cena de pancada enquanto passa as vistas por uma das tespianas no écrâ.


É para ver a mandar murros no ar e a cantar em falsete:

Transformers

More than meets the eye!

Transformers

Robots in disguise!

Tempo agora de fazer uma cura de blockbusters vendo a integral do João César Monteiro. Ou não. Felices vacaciones!

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12 Comments:

Blogger Kowbunga said...

Ja nao me lemblava mas a cancao soa a tel sido esclita pelo Jose Cid (nao eu, o outlo) e cantada por ele tambem!!! Continuo no Japao

Ablaco

terça-feira, 10 de julho de 2007 às 04:52:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Todos sa�dam Megatron!!!

quarta-feira, 11 de julho de 2007 às 14:12:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Ha quem diga que o Michel Baia, neto do famoso cozinheiro portugues e sobrinho do guardiao nacional com mais titulos do mundo(esta ninguem sabia!), fez uma especie de storyboard-on-motion para o argumento dos Transformers:

http://www.youtube.com/watch?v=YpkLPgUKVjw

Especial atençao:

00:30 - vertente lacrimegal (lubrificante, no caso).

00:51 - homosexualidade sem consentimento do seu proximo, e consequente mau-estar feminino da Ariel (excluida do filme do michel, criando uma atmosfera robotica de testosterona (ou talvez de pistoes com oleo no caso), sabe-se la porque (eu sei, e tem a ver com o Ben Affleck).

01:08 - Parto massivo atraves de um leitor de cassetes.

01:25 - coito instantaneo (este deve ter doido).

Nada disto aconteceu no filme (apesar de implicito). Tais momentos do storyboard naturalmente aconteceram porque o michel, dado o seu Q.I. de 73, começava a dedicar-se a industria porno para ter dinheiro de modo a aderir a promoçao de cheeseburgers a 1 euro. Mas o Spielberg nao deixou o michel produzir tais momentos explicitos.

Talvez na sequela, quem sabe.

quarta-feira, 11 de julho de 2007 às 14:21:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

errata:

lacrimal e não "lacrimegal"

quarta-feira, 11 de julho de 2007 às 16:07:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

errata nº2:

1º momento descrito do video encontra-se a 00:40 e não 00:30.

quarta-feira, 11 de julho de 2007 às 16:14:00 WEST  
Blogger juanito said...

Optimus Prime é rei. Dito isto, há outro personagem que também domina: o Little Jazz. O pobre anão mecânico (que é por ventura arraçado de africano) morre no fim, deixando o espectador a perguntar-se a si próprio: se até uma máquina morre, tendo em conta que o poder bélico da humanidade é revelado no seu máximo esplendor, como é possível não haver um humanozito sequer, a partir dentes em pleno aço no filme?

Entretanto já tinha saudades de ver o Big Bruce no Big Screen, a fazer um Big Papper com Big Acção. A grande verdade é que o Bruce também é rei, por isso qualquer coisa que faça, é digno de um post do tamanho dos lusíadas aqui no blog.

"Todos saúdam Megatron" (é dizer assim de vez em vez, quando menos se espera e, de preferência, com o punho levantado).

quarta-feira, 11 de julho de 2007 às 18:52:00 WEST  
Blogger Kowbunga said...

Jóne, glacias pol haveles dito que o little Jazz molle no fim, calaças eu ainda estou no Japão! Já agola conta me também que o Titanic no fim afunda-se a ele e ao lealizadol e aos actoles e aos técnicos todos (leality is stlangel than fiction)

quinta-feira, 12 de julho de 2007 às 01:35:00 WEST  
Blogger juanito said...

A propósito, o James Cameron também rula. Eu disse "Jazz"? queria dizer "Leo", tens razão toda a razão, esse é que morre no fim (curiosamente, nesse filme também não há ponta de sangue). Rozé, a malta continua à espera que postes aqui nem que seja um clipzito daí, do fim do mundo, para se desmistificar, ou corroborar, o mito que os nativos daí têm meio metro, são amarelos, e têm os olhos em bico.

quinta-feira, 12 de julho de 2007 às 23:41:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Zé, tu aí deves ser muito glande!!!

ah, e no Transformers o Megatron afinal era irmão do Optimus Prime. Aí sim percebi tudo!

sexta-feira, 13 de julho de 2007 às 00:12:00 WEST  
Blogger Kowbunga said...

Pessoal, não julguem que me esqueci só polque ando aqui pelo oliente! Mal possa uploado alguns videos pala velem como o Japão é! Ablaços glandinhos

terça-feira, 17 de julho de 2007 às 02:19:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

meu deus! ele esta vivo!! depois dos sismos e tempestades la nos orientes, sid mostrou do que era feito! é que o japao e como portugal: se ha um trovao em chaves este sente-se em faro... ou nao.

terça-feira, 17 de julho de 2007 às 18:23:00 WEST  
Blogger Kowbunga said...

É veldade! Foi dificil mas aguentei! Ele é tufões, ele é telamotos mas não há cá nada que dê cabo do espilito do Sid que é mesmo muito glande!! Agola só me falta encontlal a Godzilla pala dal uns calduços a esse lagalto vitaminado! Já fui a Kyoto, Tokyo, Himeji, Osaka e talvez vá até à Coleia agola, quando voltal tento uploadal videos!
Ablaços pó people

Sid

quarta-feira, 18 de julho de 2007 às 03:06:00 WEST  

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