The Simpsons
Depois de 17 anos a resistir à máquina hollywoodesca, Os Simpsons decidiram ir, finalmente, até Los Angeles para rodarem um filme. A transformação de um produto televisivo num objecto cinematográfico é normalmente um processo muito delicado e quase sempre com um resultado desastroso – vejam-se quase todos os filmes derivados de séries, a começar pela adaptação dos Flinstones, a passar pelos quase tele-filmes que foram exibidos nos cinemas dos X-Files, a acabar em aberrações fílmicas como o filme do He-Man (que passa de personagem definida por linhas e mancha para um ser humano, com um Q.I. inferior ao de um barrote de madeira). Claro que há excepções, como é o caso do Miami Vice ou a saga fílmica do Missão Impossível, que infelizmente foi progressivamente descendo de qualidade numa avalanche dividida em três actos: 1º um produto relativamente interessante, não fosse o Tom Cruise aparecer no filme, fotograma sim, fotograma não, o 2º, já em plena queda livre para o abismo, que se veio a confirmar no terceiro, como um poço bastante fundo (não obstante, corroborou-se o valor do Tom Cruise como pior actor do momento, apenas superado pelo Ben Affleck e o gajo do He-Man – o grande Dolph Lundgren).
Voltando aos Simpsons, é de valorizar que, pelo menos, conseguiram mantê-los amarelos e incisivos na crítica social. Permaneceram fiéis à série, e isso é meio caminho andado para uma adaptação relativamente bem sucedida. A outra metade do caminho, é fazer o que o filme realmente faz: encadear de uma forma sucessivamente brilhante gag atrás de gag, numa corrente louca de momentos fabulosos “à lá Simpsons” que dá vontade de sair do cinema e comprar os 400 episódios, hibernar durante 7 dias e ver manchas amarelas a interagirem. De um ponto de vista salutar digamos que não será muito vantajoso, mas lá que era uma experiência mais interessante que o Big Brother, disso não há duvidas. Resumindo, o filme é um episódio magnífico de uma hora e meia em que a dimensão do Homer no ecrã é directamente proporcional à sua estupidez. O genérico é genialmente calibrado para corresponder aos “tempos de hoje” e à própria condição fílmica que o universo Simpsons, ganha (por exemplo, o Bart escreve no quadro “Não piratearei este filme”, etc). Os Green Day aparecem a tocar, num cameo extraordinário que remete para uma sátira ao Live 8. De seguida a Lisa apaixona-se por um Irlandês, o Homer apaixona-se por um porco e o Bart apaixona-se pelo Flanders. Tudo isto nos primeiros 5 minutos de filme. Depois aparece o Schwarzenegger e o filme confirma-se como um dos momentos altos do ano.
Os nossos queridos amigos do Público (aqui e aqui) fazem questão em distanciar-se da euforia popular, reivindicando a sua suposta superioridade intelectual (que ninguém sabe onde está, ou sequer porque existe), ao refugiarem-se no argumento que o filme não traz nada de novo à série. Aqui ente nós, é claro o acrescento que um filme exibido numa tela de 30 m2 durante uma hora e meia, traz de novo em relação a um episódio exibido numa televisão de 60 cm, que dura 20 minutos (além disso é de longe o melhor momento que eu vi dos Simpsons, pelo menos nos últimos tempos). Não sei, eu cá não tenho plasmas de 12 metros de diagonal na sala (acho que os tipos do Público compraram-nos todos, porque nem sequer me lembro de ter visto isso à venda) mas quem sabe… Remato o texto na tentativa desesperada de fazer compreender a diferença entre 60 cm e 12 metros – uma questão de tamanho, portanto – com uma expressão roubada ao Peter Bradshaw do The Guardian “Quando a cara amarela da Lisa enche a tela pela primeira vez, é como uma espécie de acid trip”.
Etiquetas: opiniao
4 Comments:
o filme ta lindo! lembro agr da breve e indispensavel alusao ao titanic versao live 8 c os greenday.e do spider pig. e da censura brilhante na cena d skate do bart. e nao digo mais nada.
ps: afinal digo: vale mesmo a pena ver os creditos finais que no inicio nos dao uma dica para decorar os todos os nomes que surgem como uma 'sub-equipa' inteiramente japonesa ou chinesa (lembro me agora da ma-ri-sa depois dos n choo-chang-lee's) e o gajo tirou o curso de cinema e anda que anda a varrer pipocas (muito semelhante a um anuncio de chas que anda por ai e q ja contou com as participaçoes fabulosas desses grandes icones da musica portuguesa que sao o ze cid e o marco paulo). muito bom!
Tenho dito.
Spiiider-Pig!, Spiiider-Pig!
AY!!! Un Burro Amoroso!!
Ou é isso, ou então é só um filme!
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