Death Proof
O cartaz visto ao longe tem dupla interpretação, por isso afastem-se 4 metros do monitor por um momento.
Meia-noite. De visita ao norte do país decidi meter-me dentro de um cinema para ver o regresso do Tarantino. Senti que podia ser um momento significativo na minha vida por isso antes de ir para o cinema, vesti o meu casaco preto e enfiei uma chiclete na boca. Estava pronto para levar com uma boa dose de adrenalina na testa.
Quando se decidiu separar este Death Proof do Planet Terror, (o filme irmão do Robert Rodriguez) teve que se aumentar a duração de cada uma deles para poderem ser exibidos individualmente. O filme vem para a Europa desprovido do seu conceito original e com mais uma boa meia hora, não contemplada na primeira montagem.
Lamentações à parte, enterrei-me na cadeira à espera do furacão. A exibição inicia-se com uma pequena animação protagonizada por uma pantera azul. “Isto promete”, comentei para a Eva. Estiquei os braços com um movimento repentino e recostei-me. O filme começa com um genérico à lá Jackie Brown, até que aparece a Jungle Julia a fumar substâncias proibidas num cachimbo d'agua. Depois aparece a Vanessa Ferlito e no final destes 8 minutos, apenas dois pensamentos me passavam pela cabeça: “porque é que ainda ninguém pegou na Ferlito e a pôs nua numa tela de cinema” e “será que o Kurt Russell demora muito a aparecer?”.
Quando se decidiu separar este Death Proof do Planet Terror, (o filme irmão do Robert Rodriguez) teve que se aumentar a duração de cada uma deles para poderem ser exibidos individualmente. O filme vem para a Europa desprovido do seu conceito original e com mais uma boa meia hora, não contemplada na primeira montagem.
Lamentações à parte, enterrei-me na cadeira à espera do furacão. A exibição inicia-se com uma pequena animação protagonizada por uma pantera azul. “Isto promete”, comentei para a Eva. Estiquei os braços com um movimento repentino e recostei-me. O filme começa com um genérico à lá Jackie Brown, até que aparece a Jungle Julia a fumar substâncias proibidas num cachimbo d'agua. Depois aparece a Vanessa Ferlito e no final destes 8 minutos, apenas dois pensamentos me passavam pela cabeça: “porque é que ainda ninguém pegou na Ferlito e a pôs nua numa tela de cinema” e “será que o Kurt Russell demora muito a aparecer?”.
Jungle Julia à esquerda e a Ferlito no meio.
Stuntman Mike. Quando se ouvem estas duas palavras e se está a ver o Death Proof, significa que dentro de 23 minutos vai-se experienciar um dos momentos mais brutais, possíveis de ser experimentados dentro de uma sala de cinema. E quando digo brutais, é de contemplar o desembarque na Normandia do Spielberg, as torres a caírem do Fight Club ou o berbequim a furar a cabeça do gajo do Pi. Esqueçam, isto é muito melhor. Quando se tem um carro como o do Kurt Russell (Chevy Nova, 71) cujo motor faz com que o rugir do T-Rex do Jurassic Park, pareça um risinho de bebé, é porque alguma coisa especial se avizinha. O Kurt Russell está exactamente igual ao que nos habituou nos últimos 30 anos. O mesmo personagem, os mesmos tiques, a mesma representação. Tudo afinado para que o filme se transforme num referencial cinematográfico gigantesco.
O segundo carro mais fixe de sempre.
O filme beneficia de uns diálogos bem esgalhados em que o Tarantino faz uma incursão relativamente interessante ao universo feminino (ou pelo menos o que ele pensa que poderá ser)e, claro, do mundo da exploitation, antecedida por todos os prefixos possíveis e imaginários (black, sex, shock, etc.) em que o ambiente criado é fabulosamente pop. Aparece o Stuntman Mike, e o Tarantino cozinha meticulosamente a tal cena que é sem dúvida o zénite do filme (aos 40 e tal minutos). A partir daí tudo é maravilhosamente belo e, para confirmar o filme como objecto de culto, presenteia-nos com a cena de perseguição mais emocionante do século XXI.
A película propositadamente degradada e os cortes súbitos, conferem ao filme um visual deslumbrante que infelizmente se vai perdendo ao longo do filme (à meia hora de filme, já ninguém se lembra disso, incluindo a gaja que habitualmente monta os filmes do Tarantino, Sally Menke). A história é inconsequente mas isso apenas faz com que a acção e o ambiente abusadamente pop, se potenciem. Para acabar resta dizer que o filme, além de ter uma banda sonora à maneira, é um objecto de culto bastante interessante, mas não pertence à classe de outros filmes do Tarantino, como o Pulp Fiction ou o Reservoir Dogs (todavia provoca um síndroma de estilo a quem sai do cinema: o próximo carro a comprar é inevitavelmente um Dodge Challenger).
A película propositadamente degradada e os cortes súbitos, conferem ao filme um visual deslumbrante que infelizmente se vai perdendo ao longo do filme (à meia hora de filme, já ninguém se lembra disso, incluindo a gaja que habitualmente monta os filmes do Tarantino, Sally Menke). A história é inconsequente mas isso apenas faz com que a acção e o ambiente abusadamente pop, se potenciem. Para acabar resta dizer que o filme, além de ter uma banda sonora à maneira, é um objecto de culto bastante interessante, mas não pertence à classe de outros filmes do Tarantino, como o Pulp Fiction ou o Reservoir Dogs (todavia provoca um síndroma de estilo a quem sai do cinema: o próximo carro a comprar é inevitavelmente um Dodge Challenger).
Etiquetas: opiniao
8 Comments:
Jóne, se a Ferlito te bateu assim de forma tão forte aconselho-te a alugares o filme Undefeated com o John "Summer of Sam" Leguizamo onde ela faz uma pequena aparição tal como veio ao mundo! Ou isso ou esperas uns anitos para que o AXN repita o filme de duas em duas horas!
Qual é o carro mais fixe de sempre? E por favor que não seja o KITT!
O carro mais fixe de sempre é oriundo do Vanishing Point, e o Tarantino presta-lhe homenagem concebendo a cena tal cena de perseguição mais fixe do século XXI. A viatura é um Dodge Challenger de 1970.
ah... aqueles tempos em que a Ferlito animava as tardes de Verão no AXN ao serviço do franchise Nova Iorquino do CSI...
aliás, se repararem bem quase todas as actrizes secundárias dos 3 CSI ficavam bem nos "exploitation movies" que se faziam nos 70s. desde a loira das armas e a médica-legista do Miami (até faz lembrar em algumas coisas a Pam Grier) até à Ferlito do NY, claro, passando pela cachopa (Catherine?) do CSI original, ex-stripper e com um ex-marido abusador, no fundo um cliché da exploitation-babe.
será então coincidência o Tarantas, maior reciclador do fennómeno expoitation, ser fã da série e até ter realizado um episódio especial de fim de temporada, como o rozé já lembrou há uns tempos?
concordo com o Juan, é pena que na Europa tenham de espatifar as boas ideias que vêm dos states, mas o Death Proof é um excelente filme.
Mas não vás na cantiga das miúdas sobre carros com estilo, porque elas só queriam brincadeira!
O carro com mais estilo será sem dúvida o Mustang GT 500 de 1967, aka Eleanor quando o Nicolas o tentou palmar.
Por isso, sai um Mustang e um Mojito...
Tens razão, não me lembrava desse prodígio da beleza mecânica que o Nick Cage coduz no Gone in 60 Sec. que por acaso também é referido no furacão Death Proof (se bem que no Death Proof, a Zoe diz que prefere o original ao remake do Dominc Sena). De qualquer das maneiras para mim o Nickinho será sempre o Nickinho nem que seja a fazer o pior filme do ano (aka Ghost Rider).
Ai ó pá, apesar de Coimbra ter passado de um extremo de 3 salitas de cinema para o oposto de 500 000 salas e 300 000 centros comerciais eu não consigo deixar de sentir que esta cidade, pelo menos uma vez por ano continua a ser bastante provinciana! Quando todas as pessoas falam de já terem ido ver o novo filme do Tarantino e eu apenas me apercebo que cá só estreiam filmes de animação a torto e a direito e o "Van Wilder 2: A Festa dos Palermas" sinto-me sempre um tanto ou quanto rural! Não me entendam mal... Não me sinto como a vaca, a galinha ou até mesmo o porco, pois ao longo do dia faço mais do que comer erva, milho ou umas sopas com todos os restos que se encontrem na cozinha da senhora rural! Nem sequer passo o dia a dar leite, ovos ou a chafurdar nas minhas próprias fezes... Aliás eu até consigo resolver um ou outro problema de Sudoku, desde que não muito complicado claro está! Ponham um problema de sudoku e um lápis à frente de uma galinha a ver o que é que ela faz... Não, sinto-me rural pois parece que para ver o que é bom tem de se ir às grandes Cidades! Fico muito triste...
Não consigo deixar de pensar que a culpa disto tudo se deve aos estudantes e ao sistema de ensino português! Se ainda houvesse época de Setembro, esses malandros ainda tavam por cá e os filmes que estreavam não seriam só os de criança (Shreck, Surf's up, Ratatouille, Hostel 2, etc)
Vamos a ver se Bolonha não nos prejudicará ainda mais enquanto X-Urbanidade (afastando-me aqui, por momentos, do conceito criado por Gandelsonas, sendo que o X representa aqui o factor que constantemente risca Coimbra do mapa).
Abraços muito infelizes para todos e acho que vou é sacar cenas da net... Não sei porquê mas de repente deu-se-me esta vontade!
Já agora aproveito a oportunidade para comunicar à malta das cidades nas quais o Death Proof ainda não estreou que em Aveiro, o Death Proof encontra-se em exibição - apenas à meia-noite e so em alguns dias da semana, mas sempre é melhor do que não estar. Caso decidam viajar até à cidade mais fixe do país, aproveitem e desloquem-se até à praia (é uma experiência fascinante, porque ir à praia em Aveiro, devido à ventania doida, é a mesma coisa que andar a jabardar na areia, como um puto de 3 anos).
sid, és um irónico, como dizia o outro.
por cá, no cimo da serra, fomos presenteados há coisa de umas semanas com a 3a reabertura do cinema, depois de um interregno de uns 2 ou 3 anos, para "estrear", digamos assim, o Ocean's 13. e os filmes que se seguiram, à razão de um por semana: Harry Potter XXIII, Shrek ILV e Transformers 1.2.
mais valia terem ficado quietos!
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