bala perdida: Isto não é só filmes

quinta-feira, abril 06, 2006

Isto não é só filmes



Como um gajo não pode ir todos os dias ao cinema, a menos que goste muito do Oliveira e da Bessa Luís para ir ver "O Espelho Mágico" ao centro comercial mais bonito do mundo (é mesmo verdade, ganhou um prémio da treta ), arriscando a vida (e a carteira) para ir ao outro lado do rio, dirigi-me às Galerias #PUBBLOCK# para ver o que se passa na cena portuguesa do roque e do pós-roque, como lhe gostam de chamar os tipos cultos das revistas de música.
Desde esse acontecimento chamado Gift (uma bela prenda, realmente) que tinha perdido a minha fé na música da cena da Costa Oeste (da Europa), eu, que quando andava no liceu não me metia impressão nehuma meter Primitive Reason, Pixies, Zen, Flaming Lips, Blasted Mechanism (antes de se virarem para o techno e para o pseudo-étnico aquilo era do melhor) Radiohead, Pavement, até os Flood e outros que tal no mesmo saco e dizia, convicto e, provavelmente já embriagado, numa discussão de café, ou no recreio a jogar à bola, não me lembro: "A música portuguesa ainda vai salvar o mundo!". Depois, essas bandas portuguesas desapareceram todas ou, pior, mudaram de orientação para coisas muito más (sem chegar aos calcanhares dos Gift, porém).
Portanto, ontem as minhas expectativas não eram muito altas e, ainda por cima havia a ressaca do Benfica e uma grandiosa festa na microrepública da Couraça dos Apóstolos à minha espera. Os primeiros gajos a tocar chamavam-se (via Mão Morta, que me esqueci de referir atrás, estes ainda fazem música boa) Veados com Fome e esgalhavam uma onda mais ou menos pós-rock (estou-me a repetir portanto), duas guitarritas e uma bateria martelada por um gajo com o cigarrito da praxe pró estilo. Este batera era um bocado bruto, não contribuindo muito para criar uma paleta de ambientes mais vasta, que os guitarreiros tentavam de vez em quando desenhar. Os temas eram também muito curtos (não sei os nomes mas acho havia um chamado Sandes e outro, Nélson), começava-se a ter umas noções de construção de certas coisas mais interessantes, mas depois ficavam por uns arremedozitos e pronto. Os melhores momentos aconteciam quando as guitarras se juntavam mais (tipo duas vozes, Iron Maiden e tal) e a bateria acompanhava, a coisa ganhava uma qualidade, digamos, sónica. E houve um tema mais para a coboiada que também era porreiro. Eram de Sto.Tirso, tá-se mesmo a ver.
Depois, de Lisboa, on the right corner, os lavagante, ou lagosta ou Lobster, só dois rockeiros, um gajo com uma SG, parecia-me, (é uma guitarra ó zé) com som de motoserra e um baterista meio lunático. Tentaram partir tudo, mais numa de stoner rock/trash/hardcore/speedmetal (ui!) com uma estrutura de improvisação meio jazzística (isto parece uma daquelas pseudocríticas do Blitz - vaderetrosatanás). Gostei mais destes, especialmente do martelanço do batera que parecia que estava a espancar estudantes franceses à bastonada e ao pontapé. Aqui havia alguma lógica em manter os temas mais curtos, para aumentar a violência na sala e incitar ao motim (que não aconteceu porque claro que não estava lá muita gente, isto não são aqueles gajos do poprock, os Linkin Park, no Pavilhão Atlântico - tenham muito medo). Às vezes também se perdiam em exercícios inuteís, mas para contrabalançar houve momentos de puro delírio metronómico a altas rotações e escavacanço de material (nem eu percebi isto que escrevi).
Isto tudo para dizer que há fé na música em Portugal e os Gift devem ser exportados com a cortiça para a América e nunca mais voltar. Se quiserem ouvir cenas das bandas vão aos links do my space que eu deixo aí só pra vocês. E um aplauso para as Galerias por terem concertos durante a semana, que acabam à meia noite, não comprometendo o pessoal trabalhador como eu.
Fiquem bem, fat props (para vocês, Gift, não).

Lobster

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6 Comments:

Blogger Kowbunga said...

Obrigado pelo esclarecimento visto eu dominar o ecrã e não a coluna... Iron Maiden rules... The Gift - videoclip com travesti... humm... ok... vão lá com a cortiça e não chateiem... não me levem a mal, não tenho nada contra os travestis, quando o Mariachi e o Juanito se vestem com as roupas das mães eu até digo que eles estão bonitos... :D

p.s. - Cheira-me que por esta hora amanhã, um dos membros da Bala Perdida estará a arder em hasta pública, o que não deixa de ser fixe porque nunca ninguém diz que não a uma boa churrascada... Eu levo as batatas e uma bebida...

quinta-feira, 6 de abril de 2006 às 18:12:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Rózézón, Rozézón, eres casi como el Ramón, un verdadero poetón de sangre y pulmón porque si yo no fuerón Ramón, serión Camón y nadaba con Lusíadón en una món nel marón del Chinón! El Poetón a ditón!
Adión mis amigón

quinta-feira, 6 de abril de 2006 às 21:19:00 WEST  
Blogger juanito said...

É com textos destes que um gajo se pica e fica com vontade de fazer o documentário que já haviamos falado aí à um ano atrás, que nem nós próprios sabemos exactamente o que é que seria, mas tinha como base recriar um percurso de algumas bandas coninbrisenses (e outras também) desde as origens do PUNK (yes u.k. rulla) passando depois para o panorama rock português (o punk tuga) e contar esta bela história até à actualidade. Depois desta frase extensa em que se me esgotou todo e qualquer raciocínio, prometo partir para uma escrita mais controlada.

E é isso mesmo que eu vou fazer. Olha. Olha, 'tás a ver? Já 'tou a escrever pianinho, óh. Assim é mais bonito e as pessoas entendem melhor, óh. Como diria a minha querida amiga nipónica "é muuuuuito fiiiiiixeeeee!" (a prolongar as palavras como os nipos fazem).

Para quem não está a perceber nada do que está a ler, não se preocupem, depois de uma semana como esta tudo é desculpável (acho eu, menos o facto de o rózé se andar a cortar de ir jogar o basquetebol para andar aí atrás de monitores a fazer sabe-se lá o quê - e acho que anda também a clicar lá nos ratos).

Ramón continua con los verbones, qualquer dia és un de nosotrones.

sexta-feira, 7 de abril de 2006 às 15:36:00 WEST  
Blogger Kowbunga said...

o Punk é demais sim senhora... É chegada a altura de revelar um manuscrito secreto (à laia do código davinci) datado de 1542, escrito num português tão arcaico que apenas o Manuel d'Oliveira me conseguiu traduzir aquilo (ele disse-me que na escola o obrigavam a escrever assim, mesmo antes de ele ter desistido na quarta classe para filmar naturezas mortas)! A verdade foi ocultada por demasiado tempo... O Punk teve na verdade as suas origens não na UK, mas sim em Vila da Regaleira Acima com a banda do Teixeira nos ferrinhos e o Micose no Reco-reco! Tudo isto quando em 1542 ainda se encontravam nos tops de venda tudo o que era monge com queda para a cantoria no chuveiro enquanto o sabãozito caía... Teixeira, Micose por tudo o que fizeram por nós um grande obrigado e parabéns pela inovação, finalmente pude fazer jus à injustiça de que foi a tatcher que inventou o punk!

sexta-feira, 7 de abril de 2006 às 16:33:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

boring...

sexta-feira, 7 de abril de 2006 às 20:11:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

Um Razzie para os gift!
e para qq banda que faça da sua característica distintiva a voz irritante anasalada 'à pato'!!! (tipo ornatos violeta)

segunda-feira, 10 de abril de 2006 às 20:10:00 WEST  

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