bala perdida: 24 Filth and Fury Party

terça-feira, junho 06, 2006

24 Filth and Fury Party

Numa altura que está confirmada a vinda de uma das lendas vivas do período pós anarca-punk-sex-pistols-fuck-you-and-fuck-the-future, a terras lusitanas, por um lado, encantar o coração de jovens adolescentes, e por outro, reviver ritmos cardíacos a adultos que nos anos 80 desconheciam que cavalo também era nome de animal, é motivo de regozijo harmónico e meditação profunda até ao dia do concerto que será algures nos meados de Agosto. O mito dá pelo nome de Morrissey e despedaçou o coração a metade dos adolescentes que ouviam Os Smiths, quando afirmou que era gay, a outra metade não se importou e continuou fiel ao culto da sonoridade smithiana, isto ainda eu e a malta da minha geração andávamos a pintar as paredes, a cara, a roupa, a cara dos pais e os bancos do carro, no caso de haver automóvel, com lápis de cera.

De qualquer das formas achei deveras interessante a visita do homem a Portugal e lembrei-me de um par de filmes que ajudam a compreender o panorama musical inglês entre a década de 70 e 80. Um foi realizado pelo Michael Winterbottom, cuidado para não haver confusões com o David Attenborough o tipo da BBC que andava na selva à procura de animais para ter relações sexuais ou seria para filmar, não me lembro bem, e intitula-se 24 Hour Party Peole, data de 2002 e é um fenómeno da realização espontânea, que cruza uma componente documental com a ficção, um formato que não é muito comum mas que resulta de uma forma tremendamente brilhante neste filme. A história passa-se em Manchester e começa com um tipo chamado Tony Wilson, magnificamente interpretado pelo Steve Coogan, um pequeno produtor, indie, de música que apresenta um programa na tv, e que acompanha o nascimento dos Sex Pistols, o movimento pós-punk dos Joy Division, a morte do Ian Curtis e a consequente transformação nos New Order, culminando no aparecimento da figura do D.J. que nasce, segundo o filme e a visão do gajo que vai narrando a história, num espaço industrial, no intervalo de um concerto, em que alguém passa música com vinis e as pessoas correspondem, dançando, idolatrando não um conjunto de músicos que habitualmente fazem uma performance ao vivo, mas sim uma única pessoa que com discos cria uma sonoridade, se bem que agora há aí um tipo em Coimbra que também cria sonoridades sozinho, mas em vez de se limitar a trocar vinis, toca 30 instrumentos de uma só vez, não me perguntem como porque eu nunca tive o prazer de o ver a tocar sozinho, o Legendary Tiger Man.

O outro filme dá pelo nome de The Filth and The Fury, e este sim é um documentário que obedece a moldes tradicionais, sobre os Sex Pistols, que ilustra com vídeos da época e depoimentos recentes, nomeadamente do Johnny Rotten, o carismático vocalista que encabeçava o espírito niilista e anárquico dos Pistolas do Sexo, o percurso da banda desde a sua formação, com recursos muito inteligentes, nomeadamente o enquadramento político-social e económico que se vivia em Inglaterra nos finais da década de 70, o aparecimento da onda punk, que também desabrochava noutros sítios, designadamente em Nova Iorque com os New York Dolls ou Os Ramones, o filme concentra-se em tentar explicar como foram as relações entre os elementos da banda, passando pela integração difícil e tardia do Sid Vicious, a relação ingénua com o manager, a onde que se gerou a favor e contra o movimento da banda, passando pela digressão americana, incompreendida e desenquadrada, terminando na desagregação do grupo.

Dois exemplares brutais do bom cinema que se faz sobre música por aí fora. Felizmente houve alguém que se lembrou de fazer um documentário sobre Os Smiths, intitulado “Inside The Smits”, que tem estreia agendada para o verão de 2006, produzido por uma pequena produtora independente de Manchester de nome TiB Street Films, fico então à espera que haja alguém neste país que se lembre de trazer o filme para terras nacionais brevemente.

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6 Comments:

Blogger Kowbunga said...

"God save the queen... She ain't no human being..." Isto sim são letras anarquistas... Grande banda esses Pistolas do Sexo... Grandes musícas, embora toda a ideologia do punk seja um bocado imbecil (entenda-se por isto que ñ me identifico, quem se identificar tem direito à sua opinião diferente, porque vivemos num mundo livre, sem Salazar, nem Hitler, nem Bush... ou se calhar não), não se pode dizer o mesmo da música... para quando esse punkumentário sobre a cena punk conimbricense juanito? próps pó people lá no bairro

quarta-feira, 7 de junho de 2006 às 10:21:00 WEST  
Blogger El Mariachi said...

essa cena do rockumentário (onde é que eu já ouvi isto?) era muito boa onda! resta-nos esperar que apareça alguma banda de jeito cá em coimbra.

porque recordar é viver, ainda me lembro quando no auge do movimento punque rural, no interior transmontano,
algures em princípios dos noventas, passava o dia a emular o slash a tocar guitarra com a minha raquete de ténis e usava um pin dos guns e sabia a letra do sweet child o' mine e do civil war e do paradise city de cor (para quem não sabe, os guns 'n' roses eram a cena mais punk da altura, para cima do mondego) e pedi à minha mãe para me comprar um lenço vermelho pa meter na cabeça e ficar parecido com o axl rose (que pena não ter barba ainda!)e cantar "yyoooooooooooooouuuuuuuuuuu could be ma-ih-aiiiiiiiiine!" enquanto passava os olhos pelo Terminator 2 e delirava com a panóplia de efeitos especiais que hoje em dia parecem não tão bons como os do manô.

[cumprindo o meu papel de pseudo-intelectual, aconselho a quem quiser saber mais umas coisas sobre os Pistoleiros do Sexo e outros assuntos não tão punqueiros, mas assaz revolucionários, o livro "marcas de bâton: uma história secreta do século XX", desse grande maluco que dá pelo nome de greil marcus e há muitos anos que escreve umas coisitas sobre música e seus afilhados (não inclui o reggaeton)]

ah! e os smiths eram (são) a melhor banda do mundo, ó rapaziada.
e vamos todos ao coura ver o eternamente não-assumido, com um pé fora e outro dentro do armário, o morrisey.

quarta-feira, 7 de junho de 2006 às 12:26:00 WEST  
Blogger Kowbunga said...

OS smiths a mim só me fazem lembrar o Pitt e a Jolie, mas bora lá ver isso... Ah afinal não posso, fica para a próxima, ok? mas... se alguém quiser ser homem de bom gosto a sério e ir ver os Depeche Mode a Alvalade aí sim podem contar aqui com o Sid... xauí

quarta-feira, 7 de junho de 2006 às 15:01:00 WEST  
Blogger Kowbunga said...

É incrivel como um gajo tão entusiasmado pelo movimento punk, perdeu o visionamento do documentário "Filhos do Tédio" baseado no trabalho dos Tédio Boys... Banda essa que mexeu com a cena musical de Coimbra/Portugal (mesmo a nível de imagem internacional) tanto como no final dos Anos 70 os Sex Pistols o fariam numa Inglaterra mais do que conservadora e que não estava minimamente preparada para eles. O "Filhos do Tédio" documentário feito por fãs (seria impossivel ser puto nos inicios dos anos 90 em Coimbra e não o ser) pôe na tela todo o carácter subversivo de um conjunto de musicos que acreditavam ser possivel inovar e fazer musica de qualidade! Desde os concertos completamente nus (cobertas apenas as zonas essenciais com frangos falecidos no talho) até aos miticos concerto/ajuntamentos ao lado do Infinito na Rua da Sofia.

sábado, 17 de junho de 2006 às 21:48:00 WEST  
Anonymous Anónimo said...

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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007 às 01:54:00 WET  
Blogger Rita Alcaire said...

http://olago.wordpress.com/2007/06/15/filhos-do-tedio/#more-62

Até ao final do ano o documentário Filhos do Tédio sera editado em DVD.

sábado, 16 de junho de 2007 às 11:29:00 WEST  

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