bala perdida: El Orfanato

terça-feira, novembro 06, 2007

El Orfanato


O papel de parede de El Orfanato é especialmente bonito.

De viagem à capital do país vizinho, é impossível não ter indícios de depressão com a quantidade absurda de cinema que passa ao lado deste paízola ridículo que fica entalado entre o Atlântico e Espanha. Actualmente existem três tópicos que dominam a actualidade noticiosa espanhola, a ver:

.a possível (e inevitável) rescisão de Fernando Alonso com a McLaren;
.a controversa viagem a Ceuta da família real;
.a primeira longa metragem de Juan António Bayona.

El Orfanato é a primeira longa metragem de Bayona e tem uma temática muito próxima do The Others, realizado por Alejandro Amenábar. O enredo baseia-se numa mudança para uma misteriosa choupana gigantesca que range à noite, por parte de uma família algo invulgar – um pouco à semelhança do que acontece com o nosso Coisa Ruim do Frederico Serra e do Tiago-irmão-do-bicho-que-apresenta-o-jornal-da-noite-Guedes. Depois o filme utiliza uma linguagem algo americanizada, mas que funciona na perfeição, para induzir calafrios e, basicamente, medo. Medo daquele que desencadeia acções involuntárias ao nível do intestino grosso a alguns espectadores.

A esta linguagem extraída de produtos americanos, Bayona injecta conteúdo inteligentemente trabalhado, ou seja, não usa o suspense de forma absurda apenas para criar o medo. Usa sim as ferramentas que lhe permitem criar ambiente inóspitos para enfatizar sensações, de medo e terror, baseados em sentimentos humanos primários. A relação entre a mulher (Belén Rueda, em Espanha o delírio é tanto que já se fala nela para o óscar) e o seu filho, é a principal desencadeadora da avalanche e, à semelhança do que acontecera no The Others, o simples posicionamento de crianças em casas duvidosamente perigosas é, já por si, um motivo para se entrar na sala com cócegas no estômago.


Brincadeirinhas inofensivas, à noite, numa casa assombrada.

O Guillermo Del Toro é o produtor deste fora-de-série e, depois do sucesso relativo do Labirinto do Fauno na última edição dos óscares (ganhou 3 dos 6 óscares para que estava nomeado, mas perdeu o prémio de melhor filme estrangeiro para o The Lives of Others), prepara-se este ano para, quiçá, arrecadar o anão de ouro que lhe fugiu o ano passado, já que El Orfanato é o pré-candidato espanhol aos óscares 2008. Resta saber de que forma uma Academia conservadora, como a americana, encara a vinda de um filme de terror oriundo de Espanha, mas cujo envolucro parece saído de um dos estúdios da costa californiana.

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1 Comments:

Blogger El Mariachi said...

espanha é fixe. agora que este filme tem muito mau aspecto, tem. nao sei. se calhar é só do assustador "cartaz papel-de-parede".

e eu a pensar que ias passar o tempo a ver touradas e a comer churros, assim coisas estereotipadas para fazer no "pais de nuestros hermanos", que é mais uma expressao estereotipada, porque nao tenho nehum irmao chamado ramon, ou jamon serrano, ou coisa que o valha.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007 às 02:43:00 WET  

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