bala perdida: O Óscar do Clooney

segunda-feira, março 06, 2006

O Óscar do Clooney



Depois de uma noite bastante comprida a ver os pequenos anões banhados em ouro serem distribuídos (na televisão, calma lá, porque por enquanto ainda não recebemos convites para ir até à costa oeste dos u.s.), cabe-me a mim, o elemento já etiquetado como “hollywoodano” (apesar de ter qualquer coisa aqui dentro que me diz que prefiro Nova Iorque a Los Angeles) fazer o rescaldo da cerimónia.
A noite começou, como sempre, com vestidos desenhados por designers de alta costura a passearem-se pela passadeira vermelha, e acho que alguns tinham lá pessoas dentro. Os nomeados iam passando e tendo conversas bastante interessantes (algumas interessantes demais para serem seguidas) com os jornalistas californianos, que diga-se de passagem à inteligência e perspicácia não devem nada. Já instalados, e depois de um clip de abertura brutal – e com isto entenda-se literalmente BRUTAL, dos melhores que me lembro - é vez do Jon Stewart entrar e começar a debitar piadas à doida mas bastante bem esgalhadas. Entre elas lembro-me de uma que achei particularmente interessante em que ele dizia que este ano os filmes eram todos remakes: o king kong, o war of the worlds, o walk the line (remake do ray mas com brancos), etc.

Depois entrou a diva. Não a Neuza infelizmente, mas uma que está num patamar diferente (no mais alto de todos) e que responde pelo nome de Nicole. Veio, fez alguns chorarem (porque às vezes é difícil suportar a ideia de que nunca vamos estar com uma mulher daquelas) e entregou o óscar de melhor actor secundário. Eu tinha um favorito que era o Gyllenhaal, não só pelo desempenho do gajo na “montanha quebra costas”, mas porque ele é simplesmente o melhor actor da sua geração e, além disso acho que ele vê uns coelhos a andarem por aí e a dizerem que o mundo vai acabar. Foi o bon vivant do Clooney que levou a pequena estátua. A esta hora está com certeza na penthouse mais cara de L.A. com o amigalhaço do peito Brad Pintas a mamarem coca e a tomar banho em whisky.
O Jardineiro bastante Fiel do nosso quase compatriota Fernando (sim, porque quando interessa nós portugueses também sabemos ser interesseiros, como os espanhóis a tentarem roubar-nos o Siza e o Saramago) levou, nas mãos da belíssima Rachel Weisz (eu também gostava de estar nas mãos dela), o óscar pela representação num papel secundário.

A música também merece destaque, já que os temas que o Gustavo Santaolalla compôs para o Brokeback Mountain estavam simplesmente geniais. O gajo é argentino e já tinha feito as bandas sonoras do Diários de um Motocicleta, do Amor Cão, e do 21 Gramas. E desta levou o óscar. Um pequeno à parte para mencionar o nome da Música Original que ganhou o óscar com o mesmo nome, e se chama “it´s hard out here for a pimp” – eram uma cambada de gajos a saltarem e a fazerem assim (para cima e para baixo) com os braços e com chapéus virados para trás a gesticularem com a boca, porque acho que estavam a tentar cantar mas não conseguiam. O Memórias de uma Gueixa e o “Espectáculo Visual Macaco Kong” levaram cada um três óscares nas categorias mais técnicas. O Gueixa venceu no vestuário, direcção artística e fotografia (onde estava também nomeado o Batman Begins), o Kong arrecadou os óscares nos efeitos especiais, na edição e mistura de som. O Munique do Spielberg ficou a vê-los passar (será porque é um filme que tem o dobro da duração que devia?), assim como o Boa Noite e Boa Sorte.

Na noite dos óscares tive o prazer (ou não) de ver o Capote. É sem dúvida uma interpretação notável do gordo louro, mas é precisamente esse o verdadeiro problema do filme. Vive muito da interpretação do Seymour Hoffman e pouco mais (também vive um bocadinho do racismo que havia na américa naquele tempo). Assim foi um óscar de melhor actor merecido para o gajo. É no entanto de louvar a nomeação arrecadada pelo Bennett Miller, que fez a sua primeira longa-metragem de ficção e a vê nomeada para os óscares mais apetecíveis. Em relação à Reese Witherspoon, ganhou bem o seu óscar, mas cheira-me que é do tipo de gaja que quando damos por ela está a fazer filmes tipo “American Pie 5” ou “Jane Queen of the Jungle” ou qualquer coisa assim. Esperemos que não.
Em relação aos argumentos, a Montanha Quebra Costas ganhou o prémio para adaptado, e o Match Point ganhou para o argumento original. E se não ganhou devia ter ganho, porque o filme é brutal demais para andar aí a perder óscares para filmes fatelas como o Colisão. O Woody Allen teve neste filme a 15ª nomeação para melhor argumento original, o que perfaz um recorde nesta categoria. O Colisão é escrito e realizado pelo Paul Haggis que tinha escrito a Bebé de Um Milhão de Dólares, esse filme que só se deve ver uma vez na vida porque é depressivo demais para voltar a ser visto.

O nosso amiguinho taiwanês (nem tailandês nem chinês) Ang Lee, levou para a ilha dele algures entre a China e o Japão o óscarzinho para melhor realizador, bem merecido porque o filme gay dele estava bem fixe. Depois, já com o Jack Nicholson on stage e pronto para entregar o prémio de melhor filme, o gajo abre o envelope engana-se e diz “Crash” em vez de “Montanha do Quebra Costas”. Mas como era um erro demasiado grave para ser corrigível ali em plena noite televisiva americana, deixaram os gajos celebrar, e acho que até deixaram os produtores irem lá buscar os óscares... eheheh... Agora imaginem só a cara deles quando lhes disserem que a estatueta não é para eles mas é para o filme do Taiwanês.
Acabada a noite, nós europeus vamos dormir porque já são praí umas 5 da manhã, eles americanos vão para a noite com as actrizes dos filmes, para as disco nights e para os cocktails, e depois vão todos ter à penthouse do Clooney (lembram-se a de à bocado?) e depois aí que vai ser... Ou então não.

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2 Comments:

Blogger juanito said...

Para o pessoal mais distraído e que não liga muito aos óscares, o Crash foi mesmo o mehor filme - afinal o Jack Nicholson não se enganou - e o Match Point perdeu mesmo o óscar também para o Crash.

segunda-feira, 6 de março de 2006 às 19:16:00 WET  
Blogger El Mariachi said...

acabado de regressar da penthouse do clooney, no último vôo transcontinental da pan-am, não sei porquê, mas devo ter apanhado uma constipação, estou sempre a fungar do nariz.

terça-feira, 7 de março de 2006 às 14:12:00 WET  

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