bala perdida: julho 2008

quinta-feira, julho 31, 2008

RUC: O Adeus

Natal de 63. A minha cara de felicidade traduz a melhor prenda de sempre.

Amigos/as e companheiros/as:

É com grande tristeza que vos anuncio a minha saída voluntária dos estúdios da Rádio Universidade de Coimbra.
Neste post poderão ler o meu comunicado oficial à Direcção de Programação da mesma, e compartilharei também alguns momentos fotográficos que acompanharam o meu percurso radiofónico...
Não vale a pena estender-me mais, pois os elementos expostos falarão por si.

See you in another life!


Aos 16 anos descobria o fantástico mundo da radiofonia, acompanhado por uma bebida refrescante.

"Boas,

Venho deste modo informar a Direcção de Programação da RUC da minha provável desistência do estágio, e consequente abandono das ditas instalações.
Esta infelicidade surge sobretudo devido a motivos de ambição profissional que impedem de algum modo a conciliação com o prazer obtido aos microfones da radio supra descrita.

O país está mal para recém-licenciados, toda a gente sabe. Oportunidades de maior sedução e segurança surgem além fronteiras, e chegou o momento de agarrá-las com o pouco de auto-estima que me/nos resta.
Talvez um dia voltarei, talvez não...Talvez até chegue à conclusão que afinal em Portugal não estava assim tão mal.
De qualquer modo, não quero ficar a pensar na velha história do 'E se...'.

Isto não será um Adeus, mas provavelmente um Até já...

É em tom nostálgico que me despeço.
Abraços e beijos para todos/as. Ficam a amizade e o carinho criados nesse admirável palco radiofónico.
Desejo-vos o melhor,

Helder Costa "

A minha família ouvia os meus programas orgulhosamente...

Os vizinhos...

A minha avó, que esteve na guerra...

E claro...O meu amor de infância...

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domingo, julho 27, 2008

The Dark Knight


Batman regressa para tratar da saúde aos vilões de Gotham.

Depois de um bem-aventurado início de ano com a Marvel a produzir 2 excelentes filmes de super-heróis – The Incredible Hulk, e Iron Man – a fasquia estava bastante elevada para este The Dark Knight. Christopher Nolan havia, em Batman Begins, insuflado uma nova alma a Batman fazendo inclusivé olvidar-nos que tinha sido Tim Burton o primeiro a enveredar por aventuras em Gotham City. À imagem de Burton, Nolan regressaria para realizar um segundo volume da série. Ao contrário de Burton, Nolan rebentaria a escala das expectativas de Batman – fazendo, por um lado inevitável que realize mais um e, por outro, que seja demasiado longa a espera pelo próximo.
Na internet já se fala na terceira aventura de Batman pela mão de Nolan mas, devido à trágica morte de Heath Ledger há, desde logo, um elemento que carece definição: haverá alguém que esteja à altura de se transfigurar num novo Joker? (depois das performances de Jack Nicholson e Ledger).

The Dark Knight reúne um leque brutal de actores que é encabeçado por Christian Bale (finalmente confirmado que irá fazer de John Conner no 4º volume da saga do Exterminador), e Heath Ledger, passando por Aaron Eckhart, Maggie Gyllenhaal, Gary Oldman, Michael Caine, Morgan Freeman e Cillian Murphy (os últimos 4 e Bale já haviam aparecido em Batman Begins). Dizer que o filme é, também ele, brutal, é redutor. Chicago foi usada como cenário urbano para ilustrar Gotham City – Nolan, ao que parece não estava para brincadeiras e filmou algumas sequências exteriores em IMAX – o que resultou numa aparência não tão sombria (negra) como a Gotham de Burton (e sem as máquinas de fumo) mas obviamente mais verosímil. A acção é, à falta de melhor adjectivo, excepcionalmente fabulosa e o filme beneficia de um ritmo alucinante de acontecimentos que se intercalam de uma forma soberba “It's all part of the plan” já se ouvia no trailer. E depois há o brilhantismo assustador de Ledger enquanto Joker que, de uma forma incrível, luta com o próprio Batman pelo protagonismo do filme.

Um filme de acção brilhante que será elevado rapidamente a um estatuto de culto, devido não só ao seu valor enquanto objecto mas também por ter sido o último onde habitou Ledger.

Ledger, o Joker que merecia ter um filme só dele.

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segunda-feira, julho 21, 2008

NIGHTCLUB #4 (4/4)


Chegamos, por fim, ao quarto e último tomo da crónica NIGHTCLUB em 03.07.2008.
O panorama actual dos clubes nocturnos vinga neste derradeiro episódio, com muita amplificação de luz por meio de emissão estimulada de radiação (também conhecida como lasers), muita batida que faz jus à denominação do meu alter-ego, e, principalmente, muito suor a escorrer pelos corpos em eterno movimento...

Para ouvir, imaginar e desfrutar...

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quinta-feira, julho 17, 2008

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal



Substancialmente mais tarde do que se poderia prever, mas ainda a tempo de exercitar um grupo de neurónios adormecido desde 1989, eis que uma tranquilo princípio de tarde de Julho na cidade com mais estudantes por metro quadrado se transforma, de súbito, numa peregrinação transcontinental em busca de um artefacto alienígena de dúbia existência lógica. São já perto das 15h20m, hora marcada para o início das festividades à porta daquela sala de cinema, quando o jovem escriba da BP tenta discretamente (e sem sucesso, devido à barba de 3 semanas) infiltrar-se num grupo de canalha supervisionado por respectiva figura maternal e armado até aos dentes com pipocas e coca-cola. Objectivo: perceber o que anda o Dr. Henry Jones Jr. a fazer no ano de 1957, ou por outras palavras, assistir ao acontecimento mais importante desde a chegada do Homem à Lua (apesar de exactamente metade da redacção deste pasquim não ir muito nessa conversa do Aldrin e do Armstrong terem efectivamente pisado a superfície lunar, antes um tapete que forrava o estúdio londrino onde Kubrick encenou esse filme de propaganda Ocidental patrocinado pela Kellog's): Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal.

Ainda mal se findou a clássica introdução da Paramount, já o filme meteu a terceira, arrancando com uma bela sequência que nos coloca desde logo no espírito da América dos anos cinquenta. Durante a primeira hora, Indy4 é uma espécie de viagem alucinante numa montanha-russa que vai encadeando sucessivamente grandes sequências de cinema uma após a outra, originando amiúde o reflexo pavloviano de levantar o punho erguido e gritar bem alto (para a câmara de eco de uma sala quase vazia): "Fóque! Isto é o Indiana Jones!" e "Spielberg é fixe!". Ao mesmo tempo que introduz toda a história em torno do objecto-chamariz deste quarto tomo (um artefacto supostamente alienígena), esta primeira parte consegue também evocar eficazmente cenas do passado (personagens e acontecimentos marcantes da saga, enriquecendo o franchise Indy) e ainda imiscuir o Dr.Jones numa série de acontecimentos relevantes nos E.U.A. do período inicial da Guerra Fria (cogumelos nucleares, listas negras de simpatizantes comunistas, rockabillies vs. jocks, etc).



Durante este período inical de graça, o herói escondido por detrás da silhueta de Indiana Jones é nem mais nem menos do que o realizador, Steven Spielberg, que movimenta a câmara e coordena os ritmos da acção com um à vontade que simplesmente outros 30.000 realizadores a trabalhar na terra da madeira sagrada não têm (incluindo tu, Brett Ratner). Todo este virtuosismo ao serviço de escorreitas sequências de acção é reminiscente de outro filme recente de Spielberg, o "semi-baseado em acontecimentos semi-reais" Munich, que ao fim de uma primeira hora ao nível do mestre Hitchcock, afundava-se em sentimentalismos vários, culminando naquela que é provavelmente a cena mais ridícula alguma vez projectada num cinema (à parte a totalidade do oscarizado Crash).

Indy4 segue mais ou menos a progressão do Munich (e, já agora de outros filmes recentes do Spielberg, como o A.I. ou o Minority Report, que têm umas duas horas a mais, cada um), começando com um estrondo e acabando sem deixar grandes saudades. Talvez o Spielberg ganhasse alguma coisa em trocar as longas-metragens pelas curtas e começar a concorrer a festivais de cinema em Portugal. Ou em acabar a amizade com o George Lucas, pelo menos mantê-lo longe do estúdio enquanto filma, o que reduziria concerteza a percentagem de seres de outro planeta a partilhar o ecrâ com actores a sério (apesar da desvantagem no aumento dos custos de catering).



O que fica de Indy4 é, em primeiro lugar, a certeza de que Harrison Ford fazia mais 17 Indys, se lhe pedissem. Que ecrâs azuis e macacos em 3D não valem de muito quando se pode simplesmente pedir a dois duplos para "jogar à espada" enquanto se deslocam paralelamente em dois carros a 80 à hora no meio da selva. Que os comunas são levados da breca e têm sotaques engraçados (tal como os nazis). Que, como actor, até o Shia LaBeouf é melhor que o Jar Jar Binks. Que uma montagem cruzada de um avião a voar com um mapa a ser atravessado por um risco vermelho (e o tema do John Williams por cima) é, ainda hoje, a melhor maneira de imaginar uma viagem à volta do mundo.

Uma nota final só para dizer que, felizmente, parece que a saga fica por este quarto tomo, ao contrário de rumores (iniciados pelo diabo em pessoa, George Lucas) que apontavam para uma passagem de testemunho Ford > LaBeouf. Claro que tudo depende da interpretação que se faz da penúltima cena do filme, envolvendo uma disputa pela posse do chapéu mais famoso da história do cinema.



Um sentido até sempre, Indy.

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quinta-feira, julho 10, 2008

NIGHTCLUB #3 (3/4)


Dificuldades técnicas ultrapassadas, e o NIGHTCLUB regressa finalmente, voltando a compor os objectivos traçados pelas produções da Bala para o início da grelha de Verão.
Depressões, sotaque à James Bond e o culto da pastilhada (nos dois sentidos) são elementos que envolvem este terceiro episódio de 26.06.2008.

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terça-feira, julho 08, 2008

Tipo, séries de televisão: Parte 1



Desde o estabelecimento das primeiras emissões regulares, em princípios do Século XX, a televisão tem roubado uma boa parte de público ao cinema, assumindo-se progressivamente como o mais popular meio de entretenimento, estatuto consolidado desde há algumas dezenas de anos. Nos últimos tempos, porém, é a internet que, cada vez mais, tem capturado as atenções de uma significativa parte da população, a faixa etária 6-30, preconizando-se assim um futuro cada vez mais dependente deste meio de comunicação revolucionário, ou assim o parecia em Outubro de 1969 quando foi "inventado", essencialmente, para trocar imagens pornográficas em sistema binário.


Não é a Scarlett.

A disseminação da banda larga um pouco por todo o mundo (obviamente, graças à visão de futuro do Engenheiro Sócrates) vem facilitando a partilha de conteúdos cada vez mais "pesados", nomeadamente o vídeo. A internet retira agora audiências à televisão tomando-lhe os próprios programas, disponíveis em streaming no YouTube e quejandos, ou para descarga directa em sítios que não vale a pena mencionar aqui (e claro que nós por cá somos todos contra isso). Ao mesmo tempo, a televisão contra-ataca, disponibilizando canais estilizados com programação cada vez mais específica (primeiro o porno, depois as notícias, o desporto, os desenhos animados e, finalmente, a Baby TV).

É nesta lógica de procura de públicos que surge o fenómeno da multiplicação exponencial das séries de televisão. Longe vão os tempos em que macaquices como B.A. Baracus e Cª, MacGyver (Máguívér, na versão da TVE) ou os safados dos 3 Duques preenchiam as tardes da pequenada, entre brincadeiras com Playmobil e Legos. Para não falar do K.I.T.T., do Bonanza e da minha preferida, por variadíssimas razões, Duarte e Companhia. As séries de sucesso são, hoje mais que tudo, produções de prestígio transmitidas em horário nobre (menos na TVI), com a participação de actores, argumentistas e realizadores de créditos firmados no cinema.

O que permitiu esta transfusão de talento entre meios foi, essencialmente, a mudança do paradigma "cinema= arte maior/televisão= arte menor" para "cinema= pipoca/televisão= algumas coisas bem porreiras". Actores com longas e frutuosas carreiras nos filmes podem ser vistos agora a encabeçar o elenco de uma série feita à sua medida (assim como aquele arquitecto que sonha transformar o mundo, mas ao mesmo tempo aceita um emprego fixo no Gabinete Técnico da Câmara de Sobral de Monte Agraço para pagar as assinaturas da Croquis e do Courier International).



O momento que marca esta transição é, em 1999, o início das transmissões d' Os Sopranos no canal norte-americano por cabo HBO. A série criada por David Chase demonstrou inequivocamente e pela primeira vez que é possível criar para o meio televisivo narrativas densas e sofisticadas (na mesma caixinha que alberga as diatribes de Fernando Mendes e João Baião mais 5 novelas da TVI rodadas em ex-colónias portuguesas). Aliás, tal como no bom cinema, mas aqui com a vantagem acrescida de se poder, por entre a sucessão da episódios, mergulhar mais fundo na complexidade das personagens, contruindo bonecos mais reais. O sucesso comercial d' Os Sopranos juntou-se aos louvores da crítica, permitindo o surgimento de novos projectos arrojados no domínio da ficção televisiva, principalmente no HBO (Sete Palmos de Terra e, vá lá, O Sexo e a Cidade), mas também em outras cadeias, como a Fox, ou canais (Showtime, FX, AMC, etc). E, claro, graças à internet podem-se acompanhar muitas dessas séries que ainda não asseguraram transmissão num dos canais (da cada vez mais vasta oferta) do cabo nacional.

Proponho por isso, seguindo a lógica de serviço público que orienta os escribas da BP, divagar um pouco por este assunto "séries de televisão", ao longo das próximas semanas. O objectivo é traçar um mapa da boa ficção televisiva que se vai fazendo pelas américas, perceber aonde é que ela pede meças ao cinema (e como às vezes é preferível ficar deitado no sofá a meter pelos olhos adentro os DVD do Seinfeld do que ver ir a correr para o shopping e engolir um hambúrguer em 15.22 segundos para assistir a mais um filme com o Will Smith).


"Mais DVD do que na versão especial do Titanic!"

Todas as semanas (se tudo correr bem) será publicada uma crónica versando sobre duas séries que gravitam em torno de um tema comum: polícias, médicos, cóbóis, época, religião e, talvez, com um bocado de sorte, sexo. Enfim, um desfecho à altura dos pergaminhos deste pasquim electrónico. Até pra semana e entretanto aproveitem para curtir as malhas do jWoofer que, segundo informação privilegiada, anda à procura do Estúdio 54 lá prós lados de S.João da Madeira.

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