bala perdida: janeiro 2007

quarta-feira, janeiro 31, 2007

Vintage 2006 TAGV



Pegando na deixa dada por Lima Ácida, aproveito e faço um apanhado para a malta que quer ver ou rever alguns dos objectos cinematográficos produzidos em 2006. O TAGV que é sem dúvida o melhor que aconteceu a esta cidade - e estou a incluir o aparecimento da BALA, a abertura do Fórum Coimbra e a plantação de Laranjeiras no Parque Verde – presenteia-nos com o já célebre Vintage – um olhar sobre os melhores filmes produzidos no ano passado.

O programa é o seguinte (todos os filmes têm início às 21h30m):

1 Fevereiro quinta-feira
Marie Antoinette da Sofia Copolla

2 Feveriro sexta-feira
Match Point do Woody Allen

7 Fevereiro quarta-feira
Volver do Pedro Almodóvar

12 Fevereiro segunda-feira
A History of Violence do David Cronenberg

13 Fevereiro terça-feira
Brokeback Mountain do Ang Lee

16 de Fevereiro sexta-feira
Inside Man do Spike Lee

23 de Fevereiro sexta-feira
Le Temps Qui Reste de François Ozon

24 de Feveiro sábado
Paradise Now de Hany Abu-Assad

8 Filmes que foram seleccionados para integrar os melhores de 2006, que segundo me parece, demonstram relativamente bem o que se fez durante o ano. Acho que podiam ter integrado um ou outro filme oriental – não me perguntem qual, perguntem ao Rozé, ele é que é o especialista – mas parece que, por exemplo, o The Promise também poderia figurar na lista (o Montanha Quebra-Costas, foi realizado pelo Ang Lee, taiwanês, mas é um filme americano). Parece-me que a lista é bem equilibrada e agrada-me especialmente os primeiros dias, em que um tipo, se fizer directa, terá o privilégio de ver “no mesmo dia” a Kirsten Dunst e a Scarlett na mesma tela. Mais não se pode pedir.

O Maria Antonieta é, para quem já esteve em Versailles ou para quem gosta de pop-rock, especialmente atraente, porque o filme tem essa capacidade de cruzar o “clássico” e o pop. É cool. O Match Point é, evidentemente, o melhor filme do ano e, quem não o viu deve pedir perdão a Deus e rezar bastante, para que ainda haja bilhetes para o ver no TAGV. O Volver, não faço ideia, mas pelo que ouço a malta dizer é digno de se ir ver com os pés lavados com pedra pomes e água rés. A History of Violence foi bom, muito bom mesmo de se ver, e o Cronenberg continua a fazer das suas, mas não de uma forma tão visceral, mais madura provavelmente, em que o recurso ao animalesco é feito de uma forma mais subtil, não tão directa. Uma História de Violência é isso – um Cronenberg, exactamente igual a si próprio, mas com outra linguagem formal. Depois o Brokeback Mountain, objecto que muitos caracteres obrigou a malta a debitar no mundo inteiro e aqui no blog, e que, para mim, é excepcional a vários níveis, incluindo na provocação que faz – com sucesso óbvio – à representação da sociedade actual que continua a olhar para a homossexualidade como algo maléfico que deve ser evitado e condenado a todo o custo. O Inside Man, foi uma desilusão, para mim claro, porque é inconsequente nos temas que aborda, como a corrupção e o racismo. É demasiado tangencial para ser minimamente profundo. Desiludiu-me precisamente porque foi feito pelo Spike Lee e não acho que esteja à altura de obras tão boas como o Malcom X, o Summer of Sam ou o The 25th Hour. O Le Temps Qui Rest, não vi, por isso não me posso pronunciar, ganhou um ou dois prémios no Festival Internacional de Cinema de Valladolid. Por fim o Paradise Now, que parece ser muito bom, ganhou uma data de prémios nomeadamente em Berlim e o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro. Está nomeado para os Óscares também nessa categoria. Resumindo, vamos ter um bom mês de Fereveiro pela frente, porque para juntar ao TAGV Vintage 2006, teremos também um campeonato nacional de futebol ao rubro, em que o Benfica dá espreitadelas ao primeiro lugar ocupado momentaneamente pelo F.C. Porto.

Para a malta masoquista que gosta de ler textos como este, ao longo deste último ano escreveram-se posts sobre alguns dos filmes que vão ser exibidos aqui no burgo conimbricense, é uma questão de procurarem aí na caixa em cima e à esquerda que diz “search”. E escreveram-se textos também sobre biologia marítima e física nuclear, mas esses foram noutros blogs.

Etiquetas: ,

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Setenta e Nove Óscares

Finalmente saíram as nomeações das “estatuetas mais cobiçadas de L.A.” que premeiam os “melhores” filmes de 2006 o que decorreu sem grandes surpresas, e por isso deixo aqui um par de comentários bem parciais e especulativos sobre as nomeações principais, ou não fosse este blog uma espécie de “República das Bananas Cibernética”, ou como nós aqui na redacção gostamos de lhe chamar, “Pasquim Electrónico”.

Temo que o próximo mês seja dedicado inteiramente ao debate informal de quem será o grande vencedor da noite dos Óscares, deixando mesmo para trás discussões relativas ao aborto. Não estou a ver ninguém em Hollywood preocupado com a situação da legalização ou não da interrupção voluntaria da gravidez até às 10 semanas.


Aqui a luta é feroz e apesar de ainda não ter visto nem o Babel nem o Letters From Iwo Jima, asseguro desde já aos interessados que nem o Little Miss Sunshine nem o The Queen vão ganhar o prémio, e isto não é porque não tenha gostado dos filmes, por mim até podiam ganhar os dois ex aequo, mas como são filmes oriundos de estúdios pequenos, acho que os tipos da academia vão andar mais à volta dos filmes do Scorsese e do Clint “Madeira de Leste”. Está visto que o Babel, por mais interessante que possa ser, também não vai levar a estátua simplesmente porque é realizado por um mexicano e o Óscar é um prémio norte americano. Disse.


Aqui a minha escolha é um bocado animalesca e vai por exclusão de partes. A ver. Meryl Streep, leva as tais 300 nomeações, das quais já ganhou duas ou três, não sei bem, e como já faz parte da mobília, a nomeação parece-me serena, mas, se fosse para premiar novamente a outrora bela Meryl, não me parece justo que fosse por um filme sobre moda – sim e sobre valores morais e sobre não sei quantas, mas para isso é que existem os filmes da Disney e os do Spielberg. Meryl salta do lote. Segue-se a Judi Dench, nomeada 5 vezes nos últimos 9 anos, e que ganhou o Óscar curiosamente quando interpretou o papel de rainha (Shakespear in Love), o que me apetece dizer que caso fosse a eleita para interpretar o papel que a Helen Mirren desempenhou, este parágrafo não seria tão extenso por razões óbvias. A Judi Dench que tem uma gestão muito inteligente da sua carreira porque vai ganhando ouro aos pontapés a fazer de M nos 007’s, e nos intervalos, vai fazendo papeis dignos de ganharem imediatamente um Óscar, sem sequer passar pelas nomeações, mas como já ganhou uma vez, por mim este ano pode ficar a fazer companhia à Meryl. Temos também a Penélope, esse orgulho da nação (espanhola) que, infelizmente, em Hollywood, não vai ser desta que vê o seu valor verdadeiramente reconhecido (caso haja suficiente para o ser, vamos ver o que faz no futuro).
Agora as verdadeiras candidatas ao prémio de melhor actriz. De um lado temos a Helen Mirren que, como já tinha dito anteriormente tem uma interpretação assim a modos que “para o brutal”, conta já com duas nomeações em vão como actriz secundária e provavelmente estará na hora de a premiar (até porque já está a ficar velhinha). Do outro lado temos a “muy bela” Kate Winslet, que não obstante de fazer um filminho de merda de vez em quando, é uma actriz muito boa que também já merece a estátua desde que fez o mal-amado Titanic e o incompreendido (lá pelas terras do tio Sam) Eternal Sunshine of The Spotless Mind (e ainda foi lá outras duas vezes como nomeada para melhor actriz secundária). O meu coração descai para a Katezinha, mas o bom senso leva-me a dizer Helen The Queen.


Agora é que “a porca torce o rabo”, porque como ainda não vi nenhum dos filmes vai ser mesmo à sorte (se bem que o Blood Diamond já apareceu aqui no meu computador, não sei bem como). Assim, visto à bruta, diria o seguinte: porque é que o Steve Carel não foi nomeado? (pelo Litlle Miss Sunshine) Porque se tivesse sido, a escolha era muito mais fácil. Conformando-me com esta pequena desilusão, denoto algumas ironias do destino. Primeiro vejo o Leo a ser nomeado, o que deixa muito boa gente por esse mundo fora, a arrancar cabelos e a mandarem-se contra as paredes só de pensar que a noite pode acabar com o Leo a levar consigo ouro no bolso. Depois porque o Leo é nomeado, mas não por um filme do seu “padrinho” Scorsese. Terceiro é impossível não reparar que, após 10 anos de rodarem o Titanic (e isto tem o seu coeficiente romântico) o Leo e a Kate vão finalmente “juntos” a uma cerimónia da entrega dos Óscares. Estou verdadeiramente comovido. O Peter O’Toole, essa lenda viva do cinema americano (há quem diga que foi ele que escreveu a declaração da independência) tem um historial verdadeiramente assombroso na noite oscariana: 7 foram as vezes que lá foi, e que ficou sentado – para se ter uma noção real da coisa, a última das sete nomeações data de 1983. Espantoso. Depois, 20 anos volvidos, a academia decidiu entregar-lhe o prémio honorário (2003) e este ano, volta a ser nomeado, e cheira-me que vai passar a noite sentado outra vez – afinal já lhe deram o Óscar “carreira”. Depois vem um tipo que sinceramente não conheço, ainda tentei investigar o seu passado, mas Ryan Gosling, é um tipo que faz questão em manter a confidencialidade, seguido por outro que normalmente faz papeis secundários – e bem, diga-se de passagem – e que finalmente, pelos vistos, teve a sua hipótese de brilhar, Forest Whitaker (acho que a última vez que o vi tinha sido no Phone Booth). Por fim Will Smith, que das duas uma, ou alguém tem amnésia lá para os lados da academia, ou anda aí outra pessoa com o nome de Will Smith que fazia de agente secreto na saga Men in Black. Não vejo, assim de repente, outra explicação plausível. Se bem que o gajo já tinha sido nomeado pelo Ali, por isso, admito, exagerei um pouco. Dito isto, vou num instante atirar 3 folhas ao ar com o nome dos que podem efectivamente ganhar o Óscar, e a que cair em cima da mesa, é o nome que fica. Não, agora mais a sério, aposto no Steve Carel para ganhar o Óscar (não obstante da academia se ter esquecido de o nomear).



Bem, vou então acelerar o processo de escrita, senão não há pachorra para ler isto tudo de rajada. Aqui, a escolha é bastante tendencial e pesar de ter gostado muito do Borat, do The Departed nem tanto, e de não ter visto nem o Little Children ou o Notes on a Scandal, disparo já em direcção ao Children of Men, que eu avisei, é um filmão (assim mesmo grande). Mas, como além de um coração, conto também com um cérebro que me dá azo a reflectir sobre as coisas, acho que é mesmo um desses dois (protagonizados por figuras femininas) que vai ganhar o prémio.


Aqui estou completamente às escuras e aqui sim, vou mesmo pelo coração e voto no Little Miss Sunshine que é muito porreirinho. Até deu para rir e tudo.


Finalmente a categoria mais apetecível – pelo menos para mim. Vamos aos factos (da esquerda para a direita). O Cint Madeira de Leste já conta com 3 ou 4 nomeações das quais venceu 2 vezes (nesta categoria uma pelo Million Dollar Baby e a outra pelo The Unforgiven). O Stephen Frears é aquele outsider que fez o Hi Fidelity, juntamente com o Paul Greengrass que depois do Bloody Sunday, rodou este United 93 (pelo meio ainda teve tempo da “meter o pé na argola” quando fez o Born Supremacy sucessor do Born Identity, ambos protagonizados pelo Matt Damião) mas que tirando este pequeno incidente com o Matt Nunca Fiz Nenhum Papel de Jeito Damon, até podia levar a estátua. Depois vem o Mexicano Iñarritu com as suas histórias fragmento/inter-relacionadas, tema recorrente nas suas obras. Por fim o Martin Já Devia Ter Ganho o Óscar Quando Fazia Filmes de Jeito Scorsese. Mas nunca ganhou, ficou a vê-los passar por 5 ocasiões (Raging Bull, Last Temp. Of Christ, Gooffellas, Gangs of N.Y, The Aviator – e estes foram só os relativos a melhor realização). Passemos às suposições. Supondo que os outsiders são excluídos à partida de um eventual galardão, os focos incidem então nos outros 3. O ano passado o Óscar de melhor realizador foi parar ao Oriente (Taiwan, aliás eu e o Rozé, o ano passado, tivemos uma discussão deveras emotiva sobre as diferenças étnicas e culturais entre Taiwan e a Tailândia) e este ano, supondo que os tipos queiram entregar o prémio a um conterrâneo, a disputa será (como acontecerá no Óscar de melhor filme) entre o Madeira de Leste e o Scorsese. Pensando em termos práticos, o Clint Madeiras, já levou o homenzinho banhado a ouro 2 vezes para casa, e das duas uma, ou a academia finalmente faz com que o Scorsese salte da cadeira e faça mangos a toda a gente da plateia, ou faz com que ele salte da cadeira mas para enfiar um pêro na cara do Madeiras. De qualquer das maneiras vai ser um serão bem agradável, como sempre, passado na companhia das grandes estrelas de cinema mundiais, e de um ou dois cromos que aparecem a comentar o desenrolar da coisa com o profissionalismo e rigor que a TVI já nos habituou.

Um último parágrafo para deixar mais uns tiros no escuro, em relação ao melhor actor secundário, fiquem de olho no Mark Wahlberg (esta foi a modos que esgalhada a par com o Rozé), e o Óscar de melhor animação vai, de certezinha (podem já fazer a aposta na bwin) para o Cars, da Pixar. A cerimónia é no dia 25 de Fevereiro, noite na qual se espera muito whisky e coca lá para os lados da Sunset Boulevard. Disse.

Etiquetas: ,

segunda-feira, janeiro 15, 2007

4 Pedaços de Filme



Os cinemas em Portugal têm a modos que dois períodos distintos que alternam entre si, sendo o período intitulado por mim, “filmes pouco dignos de se ver” mais favorecido pelos senhores que os escolhem, relegando para segundo plano os que deveriam de facto prevalecer nas salas – os chamados filmes “do caraças”. E refiro-me neste caso específico à marca de complexos de cinema avantajados que teima em reinar aqui na zona centro, e que infelizmente, vai eliminando uma a uma a hipótese de outros cinemas mais pequenos, sobreviverem. Não é necessário mencionar marcas, nem tão pouco nomes de filmes que se mantêm em cena à custa de montanhas de dinheiro estourado em marketing, ou sequer o nível cultural medíocre que leva as pessoas a irem ver uns filmes ao invés de outros – isso é uma questão que nos leva, obviamente, também além fronteiras. O que me interessa aqui é ressaltar o período excepcionalmente bom em termos de qualidade de cartaz apresentado actualmente. Parece mentira, mas é verdade – a Lusomundo finalmente brinda-nos com alguns filmes em exibição simultânea dignos de referencia.

Tudo começou quando estreou o último 007. Se por um lado a facção conservadora cedo se levantou e mostrou o seu desagrado ao defender que o 007 nunca poderia ser alourado, e muito menos ter um ar de “sacana” que o Daniel Craig transmitiria, por outro não faltou quem levantasse bandeiras de apoio ao novo agente secreto britânico – principalmente ostentadas por mulheres - quando viram no eleito a hipótese de verem um James Bond louro e de olhos claros - se bem que não seria a 1ª vez. Resultado: para mim que não sou grande fã do gajo – tanto do Daniel Craig como do 007, porque o seu desempenho no Layer Cake não mostrou nada de excepcional nem tão pouco o papel que o Spielberg lhe deu no Munique – fez-me repensar na essência do herói britânico. Se ao invés de ver aquela figura ridícula do Pierce Brosnan sempre penteado e de smoking impecável enquanto salta de um avião sem para-quedas e atravessa Moscovo dentro de um tanque a disparar mísseis e a ter relações sexuais com 38 tipas enquanto descobre a password de 230 caractéres que vai impedir que o Mr. Bad Guy Worst Then Hitler expluda o mundo e arredores, se ao invés disso me mostrarem um tipo com garra que se suja cada vez que apanha um pêro na cara e se mancha com sangue cada vez que anda ao banano com outro tipo, um gajo que seja verosímil do ponto de vista humano e tenha emoções, aí fico convencido e o novo James Bond não podia ter sido melhor escolhido. O Daniel Craig é fabuloso neste papel.

Claro que antes deste 007 já estava em exibição o Children of Men que já mereceu uma critica muito positiva aqui mais em baixo neste mesmo blog. O Prestige do Christopher Nolan foi uma agradável surpresa, porque não basta ter um elenco de luxo, é preciso saber usá-lo, e o filme acabou por ficar bem interessante – e como se não bastasse até o David Bowie apareceu a dar uma mãozinha. E a Scarlett também. Depois tudo se passou assim muito rápido e chegaram 3 filmes que logo à partida podiam aspirar ao título de “memoráveis”. Apocalypto, Flags of Our Fathers e Babel. Devo confessar que ainda não tive oportunidade de ir ver o filme do Inãrritu, mas conhecendo o seu percurso, e pelo que já me chegou aos ouvidos, é provável ser justo nivelá-lo com estes dois.

O Flags of Our Fathers, não sendo para mim o melhor filme do Clint Eastwood, é uma obra digna de referência encabeçada por três razões. A primeira é o uso dos recursos técnicos que haviam sido explorados por Spielberg – que também produz este filme – no Resgate do Soldado Ryan, e que o mestre Clint renova, acrescentando a esta linguagem as cenas aéreas vistas das aeronaves, claramente também elas inspiradas noutro filme – O Aviador, Martin Scorcese – que serve para dar outra perspectiva física da acção. A segunda é a dimensão pós-traumática que o Clint Eastwood enfoca ao mesmo tempo que alterna o ambiente festivo com o bélico, incutindo ao filme uma dimensão pura muito humana comum nos seus filmes. O terceiro motivo prende-se com o facto de este filme contar com um complemento de outro filme, rodado na mesma altura e que, apresenta o episódio do desembarque e a tomada da ilha de Iwo Jima, mas vista da perspectiva japonesa – uma ideia verdadeiramente genial. Os filmes são suficientemente autónomos para serem vistos como obras independentes, mas quem visualizar os dois, ganha uma outra visão que não é (ou pelo menos espero que não seja) perceptível quando se vê apenas um deles. No Flags of Our Fathers, o Clint Eastwood deixa já algumas pontas soltas ao longo do filme, para concerteza as reatar no Letters From Iwo Jima.

Por último mas não por ser o mais inconsequente, aliás, eu até acho que este filme do Mel Gibson, é bem menino de partir tudo o que se lhe opuser em termos de galardões e de criticas menos favoráveis, porque este Apocalypto é sem dúvida uma obra que vai marcar a carreira dele atrás das câmaras. Não sei se é por ter ido ver o filme há menos de 24 horas – ou seja ainda não tive tempo de perceber se o filme é de facto uma obra prima ou se não passa de um filme excepcionalmente bom – mas a verdade é que fiquei completamente rendido ao ambiente, à intriga, à acção, à representação e à realização. O Mel Gibson até nos brinda com aquelas câmaras lentas que capturam praí 300 fotogramas por segundo, e que põem um gajo a pensar se vale a pena voltar a vir ao cinema, se sabemos de antemão que vão passar aí uns 30 filmes até encontrarmos outras assim. O filme é assim uma coisa de extraordinário. Para mim é a melhor obra do gajo. Tanto o Braveheart como a Paixão de Cristo já tinham sido exercícios muito bons de realização, mas este filme é digno de se ver enquanto se faz continência a um novo mestre que se afirma de vez no mundo da realização. Espero, contudo, não o voltar a ver em frente a uma câmara.

Assim, há razões para sorrir neste início de 2007 enquanto se sai duma sala de cinema porque se sabe que o regresso aquela zona está para breve com tantas razões para lá voltar.

Etiquetas: ,