Não é muito habitual escrever-se aqui sobre filmes mas dada a relevância da coisa, não resisti.
Uma porta abriu-se no meu pequeno e frágil coração. Um espasmo de prazer possui-me enquanto o dissecava plano a plano – que genialidade brutal! O filme é estupidamente brilhante! Porque é que não se fazem mais assim? Mas pensando melhor descobri porque é que há poucos destes. E é bom que haja. Poucos. Assim quando os vemos temos espasmos de prazer, como este. Palmas para a Scarlett que pega na sua hiper-sensualidade e consegue conciliar a sua beleza extraordinária com uma performance muito acima da média. E é verdadeiramente arrebatadora a forma como se deixa filmar perante as lentes das intimidativas máquinas de película. É para deixar qualquer ser humano (masculino ou feminino) sem fôlego. Nem palavras.

E depois há Londres. Afinal Nova Iorque não é a única cidade no mundo que tem o direito a ser bela. Tão bela que obvia e tristemente só pode existir num sonho. Num poema. Num filme. E dói quando penso que aquela Londres que eu vi no filme não existe. Dói-me porque quero ir lá e vivê-la, mas não posso. Aquele retrato mágico que Ele fez delas, não passa disso mesmo - um retrato. Elas não são reais. Nem uma nem a outra. Uma frágil e perdida, a outra imponente e orgulhosa, e elas apenas existem ali na sala do cinema, na cabeça de quem as vê. Esta é a verdadeira magia do cinema, e a mim, possui-me por completo.

O grande (não em altura obviamente) e velho Woody Allen! Quando eu pensava que estava tudo dito em relação a Ele, bombardeia-me com este filme. Dá-me um murro no estômago e diz: “Eu ainda estou aqui e vou continuar a fazer filmes: um por ano – quer queiras quer não!” E eu quero! Quero vê-lo a escrever e a fazer filmes. Mas não sinto falta de O ver. Porque em cada personagem sinto um dedo Dele. E em cada paisagem vejo a Sua textura.
Até Ele já se rendeu ao poder das novas tecnologias. Para o olho mais atento, o anel que o Chris manda para o rio (ou tenta), é fruto da mais recente tecnologia virtual (é feito em 3d, para os mais leigos).
No final do filme a única coisa a fazer seria bater palmas, em pé. Mas uma coisa tão simples como bater as palmas para mostrar o nosso contentamento numa sala de cinema pode ser visto de uma forma errada - ainda nos chamam loucos. Por isso restou-me, no fim do filme, ir escrever este texto e esperar que o próximo seja ainda melhor.
Apetece-me dizer uma coisa: Obrigado Woody!
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