Finalmente saíram as nomeações das “estatuetas mais cobiçadas de L.A.” que premeiam os “melhores” filmes de 2006 o que decorreu sem grandes surpresas, e por isso deixo aqui um par de comentários bem parciais e especulativos sobre as nomeações principais, ou não fosse este blog uma espécie de “República das Bananas Cibernética”, ou como nós aqui na redacção gostamos de lhe chamar, “Pasquim Electrónico”.
Temo que o próximo mês seja dedicado inteiramente ao debate informal de quem será o grande vencedor da noite dos Óscares, deixando mesmo para trás discussões relativas ao aborto. Não estou a ver ninguém em Hollywood preocupado com a situação da legalização ou não da interrupção voluntaria da gravidez até às 10 semanas.

Aqui a luta é feroz e apesar de ainda não ter visto nem o Babel nem o Letters From Iwo Jima, asseguro desde já aos interessados que nem o Little Miss Sunshine nem o The Queen vão ganhar o prémio, e isto não é porque não tenha gostado dos filmes, por mim até podiam ganhar os dois ex aequo, mas como são filmes oriundos de estúdios pequenos, acho que os tipos da academia vão andar mais à volta dos filmes do Scorsese e do Clint “Madeira de Leste”. Está visto que o Babel, por mais interessante que possa ser, também não vai levar a estátua simplesmente porque é realizado por um mexicano e o Óscar é um prémio norte americano. Disse.

Aqui a minha escolha é um bocado animalesca e vai por exclusão de partes. A ver. Meryl Streep, leva as tais 300 nomeações, das quais já ganhou duas ou três, não sei bem, e como já faz parte da mobília, a nomeação parece-me serena, mas, se fosse para premiar novamente a outrora bela Meryl, não me parece justo que fosse por um filme sobre moda – sim e sobre valores morais e sobre não sei quantas, mas para isso é que existem os filmes da Disney e os do Spielberg. Meryl salta do lote. Segue-se a Judi Dench, nomeada 5 vezes nos últimos 9 anos, e que ganhou o Óscar curiosamente quando interpretou o papel de rainha (Shakespear in Love), o que me apetece dizer que caso fosse a eleita para interpretar o papel que a Helen Mirren desempenhou, este parágrafo não seria tão extenso por razões óbvias. A Judi Dench que tem uma gestão muito inteligente da sua carreira porque vai ganhando ouro aos pontapés a fazer de M nos 007’s, e nos intervalos, vai fazendo papeis dignos de ganharem imediatamente um Óscar, sem sequer passar pelas nomeações, mas como já ganhou uma vez, por mim este ano pode ficar a fazer companhia à Meryl. Temos também a Penélope, esse orgulho da nação (espanhola) que, infelizmente, em Hollywood, não vai ser desta que vê o seu valor verdadeiramente reconhecido (caso haja suficiente para o ser, vamos ver o que faz no futuro).
Agora as verdadeiras candidatas ao prémio de melhor actriz. De um lado temos a Helen Mirren que, como já tinha dito anteriormente tem uma interpretação assim a modos que “para o brutal”, conta já com duas nomeações em vão como actriz secundária e provavelmente estará na hora de a premiar (até porque já está a ficar velhinha). Do outro lado temos a “muy bela” Kate Winslet, que não obstante de fazer um filminho de merda de vez em quando, é uma actriz muito boa que também já merece a estátua desde que fez o mal-amado Titanic e o incompreendido (lá pelas terras do tio Sam) Eternal Sunshine of The Spotless Mind (e ainda foi lá outras duas vezes como nomeada para melhor actriz secundária). O meu coração descai para a Katezinha, mas o bom senso leva-me a dizer Helen The Queen.

Agora é que “a porca torce o rabo”, porque como ainda não vi nenhum dos filmes vai ser mesmo à sorte (se bem que o Blood Diamond já apareceu aqui no meu computador, não sei bem como). Assim, visto à bruta, diria o seguinte: porque é que o Steve Carel não foi nomeado? (pelo Litlle Miss Sunshine) Porque se tivesse sido, a escolha era muito mais fácil. Conformando-me com esta pequena desilusão, denoto algumas ironias do destino. Primeiro vejo o Leo a ser nomeado, o que deixa muito boa gente por esse mundo fora, a arrancar cabelos e a mandarem-se contra as paredes só de pensar que a noite pode acabar com o Leo a levar consigo ouro no bolso. Depois porque o Leo é nomeado, mas não por um filme do seu “padrinho” Scorsese. Terceiro é impossível não reparar que, após 10 anos de rodarem o Titanic (e isto tem o seu coeficiente romântico) o Leo e a Kate vão finalmente “juntos” a uma cerimónia da entrega dos Óscares. Estou verdadeiramente comovido. O Peter O’Toole, essa lenda viva do cinema americano (há quem diga que foi ele que escreveu a declaração da independência) tem um historial verdadeiramente assombroso na noite oscariana: 7 foram as vezes que lá foi, e que ficou sentado – para se ter uma noção real da coisa, a última das sete nomeações data de 1983. Espantoso. Depois, 20 anos volvidos, a academia decidiu entregar-lhe o prémio honorário (2003) e este ano, volta a ser nomeado, e cheira-me que vai passar a noite sentado outra vez – afinal já lhe deram o Óscar “carreira”. Depois vem um tipo que sinceramente não conheço, ainda tentei investigar o seu passado, mas Ryan Gosling, é um tipo que faz questão em manter a confidencialidade, seguido por outro que normalmente faz papeis secundários – e bem, diga-se de passagem – e que finalmente, pelos vistos, teve a sua hipótese de brilhar, Forest Whitaker (acho que a última vez que o vi tinha sido no Phone Booth). Por fim Will Smith, que das duas uma, ou alguém tem amnésia lá para os lados da academia, ou anda aí outra pessoa com o nome de Will Smith que fazia de agente secreto na saga Men in Black. Não vejo, assim de repente, outra explicação plausível. Se bem que o gajo já tinha sido nomeado pelo Ali, por isso, admito, exagerei um pouco. Dito isto, vou num instante atirar 3 folhas ao ar com o nome dos que podem efectivamente ganhar o Óscar, e a que cair em cima da mesa, é o nome que fica. Não, agora mais a sério, aposto no Steve Carel para ganhar o Óscar (não obstante da academia se ter esquecido de o nomear).

Bem, vou então acelerar o processo de escrita, senão não há pachorra para ler isto tudo de rajada. Aqui, a escolha é bastante tendencial e pesar de ter gostado muito do Borat, do The Departed nem tanto, e de não ter visto nem o Little Children ou o Notes on a Scandal, disparo já em direcção ao Children of Men,
que eu avisei, é um filmão (assim mesmo grande). Mas, como além de um coração, conto também com um cérebro que me dá azo a reflectir sobre as coisas, acho que é mesmo um desses dois (protagonizados por figuras femininas) que vai ganhar o prémio.

Aqui estou completamente às escuras e aqui sim, vou mesmo pelo coração e voto no Little Miss Sunshine que é muito porreirinho. Até deu para rir e tudo.

Finalmente a categoria mais apetecível – pelo menos para mim. Vamos aos factos (da esquerda para a direita). O Cint Madeira de Leste já conta com 3 ou 4 nomeações das quais venceu 2 vezes (nesta categoria uma pelo Million Dollar Baby e a outra pelo The Unforgiven). O Stephen Frears é aquele outsider que fez o Hi Fidelity, juntamente com o Paul Greengrass que depois do Bloody Sunday, rodou este United 93 (pelo meio ainda teve tempo da “meter o pé na argola” quando fez o Born Supremacy sucessor do Born Identity, ambos protagonizados pelo Matt Damião) mas que tirando este pequeno incidente com o Matt Nunca Fiz Nenhum Papel de Jeito Damon, até podia levar a estátua. Depois vem o Mexicano Iñarritu com as suas histórias fragmento/inter-relacionadas, tema recorrente nas suas obras. Por fim o Martin Já Devia Ter Ganho o Óscar Quando Fazia Filmes de Jeito Scorsese. Mas nunca ganhou, ficou a vê-los passar por 5 ocasiões (Raging Bull, Last Temp. Of Christ, Gooffellas, Gangs of N.Y, The Aviator – e estes foram só os relativos a melhor realização). Passemos às suposições. Supondo que os outsiders são excluídos à partida de um eventual galardão, os focos incidem então nos outros 3. O ano passado o Óscar de melhor realizador foi parar ao Oriente (Taiwan, aliás eu e o Rozé, o ano passado, tivemos uma discussão deveras emotiva sobre as diferenças étnicas e culturais entre Taiwan e a Tailândia) e este ano, supondo que os tipos queiram entregar o prémio a um conterrâneo, a disputa será (como acontecerá no Óscar de melhor filme) entre o Madeira de Leste e o Scorsese. Pensando em termos práticos, o Clint Madeiras, já levou o homenzinho banhado a ouro 2 vezes para casa, e das duas uma, ou a academia finalmente faz com que o Scorsese salte da cadeira e faça mangos a toda a gente da plateia, ou faz com que ele salte da cadeira mas para enfiar um pêro na cara do Madeiras. De qualquer das maneiras vai ser um serão bem agradável, como sempre, passado na companhia das grandes estrelas de cinema mundiais, e de um ou dois cromos que aparecem a comentar o desenrolar da coisa com o profissionalismo e rigor que a TVI já nos habituou.
Um último parágrafo para deixar mais uns tiros no escuro, em relação ao melhor actor secundário, fiquem de olho no Mark Wahlberg (esta foi a modos que esgalhada a par com o Rozé), e o Óscar de melhor animação vai, de certezinha (podem já fazer a aposta na bwin) para o
Cars, da Pixar. A cerimónia é no dia 25 de Fevereiro, noite na qual se espera muito whisky e coca lá para os lados da Sunset Boulevard. Disse.